terça-feira, 10 de novembro de 2015

Sobre um vinho, um filme e um beijo ...


A gente assistia “Friends with benefits” dublado na sala de estar da casa dela quando, natural e subitamente, rolou o primeiro beijo. Foi meio que impulsionado por alguma força externa, eu acho (o álcool, talvez). Posso afirmar que não tomei a iniciativa e ela jurou de pés juntos que também não. Sabe quando parece que rola um magnetismo corporal involuntário, onde os corpos se atraem tão lentamente que se fundem quase que em um só por alguns segundos? Entendem isso? É muito louco! Todo mundo já viveu alguma coisa assim. Vale a pena, mas aconselho aqui (inclusive a mim mesmo), com conhecimento de caso, que quando as coisas começam desse jeito, é melhor preparar o coração.

Éramos amigos de longa data. Amigos de infância mesmo. Brincamos juntos, nossos pais se conheciam, etc. Tipo aquele lance de quase primos. Não tínhamos nenhum parentesco real mas era como se tivéssemos. ‘Bibi’ pra cá – ‘Seu Chato’ pra lá. Essas nomenclaturas infantis clássicas que te fazem perder todo tesão que você pudesse ter naquela menina que cresceu contigo, ainda que ela seja uma versão beta da Penelope Cruz. Bom, mas o tempo passa, as coisas mudam, e lá estávamos nós, mais de 20 anos depois, abraçados na cama, olhando pro teto daquele quarto escuro e pensando em silêncio simultaneamente: “Caralho, o mundo dá muitas voltas!”.

Pois é verdade. Eu sou daqueles que acredita que algumas coisas na vida tem de acontecer sim ou sim. Essa por exemplo, foi uma delas. Tá, tudo bem, sejamos sinceros. Naquela noite meio fria de sábado eu joguei baixo (mas juro que não tinha a pretensão de ir tão longe). Os pais dela tinham viajado pro interior e ela ficaria em casa todo o fim de semana sozinha. Eu ofereci companhia e toquei a campainha às 22:30h com um vinho tinto francês e cheio de sorrisos. Fazia bastante tempo que a gente não se via. Tinha muita conversa pra pôr em dia, afinal. Abrimos a garrafa e entre um gole e outro, uma série no netflix e uma gargalhada alta entramos em um clima tão gostoso que a partir dali tudo podia acontecer.

Quando a garrafa acabou eu me dei conta de que a Bia já tava rindo à toa. Honestamente eu também não me sentia absolutamente sóbrio. Escolhemos outro filme (o tal lá da primeira linha) e deitamos no sofá. Não demorou muito pra que nossos corpos se aproximassem à uma linha tênue extremamente perigosa entre a amizade e o libido. Senti medo de avançar, e não o fiz. Me contive contrariando aos meus instintos mais latentes, se é que me entendem. Relaxei. Quase me mexi pra distanciar meu peito das costas dela, mas eu não queria deixar de sentir aquele perfume. Fui fraco. Fiquei, e foi o suficiente. Dois minutos depois e já nos beijávamos como se fossemos velhos amantes. Parecia estranho e estúpido, mas tava tão bom que não conseguimos parar; e aquilo foi só o início da noite.

A gente se encaixava bem na cama. Os olhares se cruzavam cheios de mensagens subliminares. As mãos deslizavam por caminhos óbvios, mas descobriam prazeres inéditos. As roupas já não existiam mais. Na verdade, muita coisa ali a nossa volta já não existia; pra nós, naquele momento não importava. A magia que emanava dentro daquelas quatro paredes transcendia o modo de percepção empírica do ato. Era especial. Fora do comum.

Hoje eu to aqui, na poltrona do meu quarto, escrevendo umas coisas e pensando nesse lance que tá acontecendo com a gente. Me lembro que há alguns anos atrás eu já tinha essa vontade de me aproximar pra ver se rolava alguma coisa, mas ela namorava. Era complicado. Agora vejo o caminho aberto, e as coisas acontecendo tão naturalmente que me assustam um pouco. Não achei que seria assim. Na verdade, eu também não sei como achei que seria. Vocês entendem né, eu só não queria me apaixonar. O problema é que essas coisas não se escolhe; e é exatamente isso o que me preocupa. Naquela noite a gente não assistiu ao final do filme, óbvio, mas não precisa ser muito esperto pra entender a lógica romantizada dessas baboseiras hollywoodianas: Em pouco tempo o casal perde o controle da situação inicial e passa a integrar as estatísticas das relações estáveis e socialmente aceitas.

Dizem que a vida imita a arte! Vamo ver no que dá...


Matheus Fonseca Pinheiro

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Cidadão do Mundo !



Saí de casa dia 3 de fevereiro de 2015 com um monte de expectativas. Eu tava indo estudar por 6 meses em uma boa universidade da Espanha e iria poder vivenciar um pouco a realidade europeia. Coisa que sempre me brilhou os olhos. O que eu não sabia era que o destino guardava pra mim muito mais do que isso. Essa experiência não seria só uma linha a mais no meu currículo profissional, seria um capitulo de ouro na minha autobiografia. Daquela data em diante eu viveria os melhores momentos da minha vida em um espaço de tempo tão curto quanto um conto de fadas, o que na realidade, ainda me parece. Meus dias nunca tinham sido tão intensamente vividos. Nem nos meus melhores sonhos eu poderia imaginar sequer 10% do que se fez realidade. Se eu me propusesse a escrever um livro agora, acho que não seria capaz de expressar tudo de modo minimamente justo, então queria apenas compartilhar aqui com vocês alguns flashes que eu considero mais importantes dessa minha fugaz-mágica-trajetória-universitária-européia-viajante-inesquecível.

Caí de paraquedas em Granada, a cidade que me escolheu. Choque de realidade total; e de temperatura também (fazia 7° negativos). Nas minhas primeiras horas na cidade conheci a galera que faria parte da minha experiência Erasmus até o final. O grupo “Solo una cerveza”. Saudações, moçada, vocês moram no meu coração. A universidade era um sonho e eu estava só na instituição que mais recebe intercambistas de toda a europa. Resultado: Um impacto cultural gigantesco, eu diria que foi até brutal. Os ‘bares de tapas’ viraram a minha casa e os “botellones” minha rotina quase diária. Em um só dia eu vivia tanta coisa que ia dormir pensando que já tinha passado uma semana. Não existia hora pra deitar. 4 da manhã ainda estávamos começando a festa. Na verdade, acho que nunca dormi tão pouco na vida como nesses 6 meses. Granada é uma cidade que nunca para, e claro, eu como parte integrante desse ambiente também não podia parar.

Entre um botellon e outro montamos um grupo de samba. Sambaycín. Que certamente vai ficar marcado na história do Erasmus-Granada-2015. Estreamos na MaeWest (casa cheia), tocamos na praia, no centro da cidade, na estrada, nos ônibus e nos apartamentos. Levamos música brasileira aos ouvidos de muita gente; e apaixonamos os gringos com o melhor da nossa cultura tão miscigenada. Foi uma das coisas mais incríveis que eu já fiz. Irmãos-bambas, obrigado por tantos momentos indescritíveis.

Como se isso não bastasse pra cessar a minha sede da ‘carreira musical’, fui convidado, com meu projeto solo (MatheusFonseca), pra tocar durante todo o verão em uma rede de restaurantes no norte da Espanha (Galícia – Baiona), mas por conta das viagens acabei fechando o contrato só pra 18 dias. A carga horária não importava, foi o tempo suficiente pra de fato realizar o meu sonho de viver da música, e acabou acontecendo de uma forma que eu nunca imaginei: sozinho (voz e violão) e na europa.

Quando eu achei que não dava mais pra ter melhores experiências ou pra ser mais completo do que já era, comprei uma mochila de 65L e me joguei na estrada. Esse também era um grande sonho que eu precisava realizar nesse meu momento tão histórico. Na coragem, na raça, sozinho, sem falar inglês e sem muito dinheiro. Fui buscar a mim mesmo em diversas partes do mundo. Por onde passei plantei gentileza e colhi muito carinho. Irlanda, Escócia, Inglaterra, Itália, Grécia, Espanha, Marrocos, Portugal, França, Holanda, Alemanha, República Tcheca, Áustria, Hungria. Literalmente levei a casa nas costas, e definitivamente voltei com a mala transbordando de experiências incríveis e de histórias pra contar.

Enfim, eu poderia falar de muitas outras coisas, mas os detalhes eu prefiro contar ao vivo pra quem quiser me ouvir, de preferência tomando uma cerveja estupidamente gelada no meu Rio de Janeiro. Mas não posso deixar de dizer aqui, como um grito que sai do fundo peito, com o coração cheio de amor e os olhos transbordando de lágrimas: “Yo soy de Graná!”. Essa é a frase que sempre resumiu o nosso Erasmus. E agora, depois dessas tantas voltas Europa a fora eu acho que posso dizer que também “Sou do mundo inteiro”.

Aprendi a falar “Andalú”, mergulhei na cultura espanhola, me apaixonei pelo flamenco, virei chefe de cozinha da minha casa, conheci gente do mundo inteiro, fiz amigos de todos os continentes do mundo, bebi em quase todos os bares da cidade de Granada, perdi meu celular na escócia, paguei 15 reais numa garrafa d’água em París, dei minha comida à um mendigo no UK, me perdi no metrô de Londres, cantei bossa nova com um músico de rua no centro de Roma, descobri que a segunda língua oficial em Dublin é o português, experimentei os cogumelos de Amsterdam, chorei de dor no muro de Berlín, lavei a alma no mar mediterrâneo, vi as consequências tristes da crise na Grécia, assisti ao pôr do sol em cima de um camelo no deserto do sahara, ganhei uma família na Alemanha e fiquei impressionado com a beleza das mulheres do leste europeu.

Ajudei e fui ajudado. Hospedei e fui hospedado. Ensinei samba e aprendi salsa. Sorri e me sorriram de volta. Cantei e fiquei encantado com isso. Já toquei em festas, praças, boates, restaurantes. Viajei de ônibus, trem, avião e blablacar. Já dormi em hotel, em aeroporto, no chão e até na rua. Já fui turista, viajante, mochileiro e os três ao mesmo tempo. Uma vez, quase morri de tanto beber, e já quase morri de tanta sede também. Já comi em lugares caríssimos, e já contei moedinhas pra comprar um pão. Já estive em Londres, mas preferi Marrakech. Cheguei muito perto do ápice do luxo, mas gostei mais de beber com os hippies no chão da praça. Experimentei o bom e o ruim, e fico com os dois. Entre o pobre e o rico, eu escolho ser aquele que leva a humildade no coração e o sorriso nos lábios. O que eu quero da vida é que ela me surpreenda todos os dias.

Hoje, depois desse tempo fora, depois de ter conhecido 13 países da Europa e um pedaço da África, sinto que posso opinar sobre algumas concepções sociais e políticas, as quais o meu país ainda tem muito o que aprender. Não sou ninguém pra ensinar nada, mas sou discípulo de Gandhi e concordo que a mudança começa por dentro. Acredito que posso ajudar a mudar o mundo compartilhando minhas experiências com as pessoas mais próximas de mim, como vocês que me leem agora, e tiveram a paciência de chegar até aqui.

Lá no dia 3 de fevereiro, a pouco mais de 6 meses atrás, eu saí de casa com um grande sonho: virar cidadão do mundo. Agora voltando, reflito sobre isso e me pergunto o que seria exatamente a definição desse conceito. No meu entendimento, ser cidadão do mundo é se isentar dos preconceitos, absorver rupturas culturais, conhecer pessoas novas, falar outros idiomas, se aventurar por destinos absolutamente desconhecidos, tocar o invisível, fazer da vida uma entrega diária, vivenciar cada país como se fosse o seu, andar a pé pelas cidades, conversar com os nativos, não se guiar por mapas e esquecer das tecnologias por um tempo consideravelmente longo até o ponto onde você descobre que o segredo do universo está verdadeiramente nas pessoas. Seja no riso sincero de uma criança ou no conselho conservador de uma freira idosa. Não sei se tudo isso me faz de fato o tal “cidadão do mundo” que eu sempre quis ser, mas na verdade, nesse momento, isso já não importa. Eu levo por dentro, entre o peito e as costas as dores e alegrias que me cabem e sou o que o mundo, com suas tantas facetas, fez de mim; e me apresento aqui apenas como parte integrante dessa grande bola azul que gira na tentativa de encontrar uma posição perfeita no universo que é infinito, mas limitado, segundo Einstein.


Me dizia um grande mestre que eu tive aos 18 anos: “Matheus, essa coisa de ser o que se é ainda vai levar a gente muito além”. Perfeito, professor. O caminho me trouxe até aqui. Agradeço a Deus por tantas bênçãos, e posso dizer: Combati o bom combate, terminei a carreira e guardei a fé. Amém.

Matheus Fonseca Pinheiro

Ciudadano del Mundo !




Salí de mi casa el 3 de febrero de 2015 con un montón de expectativas. Iba estudiar por 6 meses en una buena universidad en España e iba poder vivir un poquito de la realidad europea. Algo que siempre me ha encantado. Lo que yo no podría imaginar era que el destino me iba regalar mucho más que eso. Esa experiencia no sería solamente una línea más en mi currículo profesional, pero si no un capitulo de oro en mi autobiografía. Desde esa fecha yo vivi los mejores momentos de mi vida en un espacio de tiempo tan corto como un cuento de hadas, y de hecho, me parece eso todavía. Mis días nunca habían sido vividos tan intensamente. Ni en mis mejores sueños yo podría imaginar siquiera 10% de lo que se ha hecho realidad. Si me pongo ahora mismo a escribir un libro creo que no sería capaz de decir todo de una forma justa, entonces me gustaría compartir aquí con vosotros algunos momentos que pienso que fueron los más importantes de mi fugaz-mágica-trajetoria-universitaria-europea-viajera-inolvidable.

Aterricé en un paracaídas en Granada, la ciudad que me ha elegido a mi. Cambio total de realidad. Y también de temperatura (hacía 7° negativos). En mis primeras horas en la ciudad conocí a los chicos y chicas que formarían parte de mi experiencia Erasmus hasta el final. El grupo "Solo una cerveza". Saludos, guapitos, vosotros viven en mi corazón. La universidad era un sueño y yo estaba justo a la institución que recibe más estudiantes de intercambio en toda Europa. Resultado: Un enorme impacto cultural, yo diría brutal incluso. Los "bares de tapas" se volvieron mi casa y los "botellones" mi rutina casi diaria. En un solo día vivía tantas cosas que me iba a dormir pensando que ya se había ido una semana. No había hora para acostarme. A las 4 de la noche todavía estábamos empezando la fiesta. En verdad, creo que nunca he dormido tan poco en la vida como en estos seis meses. Granada es una ciudad que nunca para, y por supuesto, yo como parte integral de ese entorno también no podía parar.

Entre un botellón y otro hemos creado un grupo de samba. Sambaycín, que seguramente será recordado en la historia del Erasmus Granada 2015. Hicimos nuestro primero concierto en la Mae West (llena), tocamos en la playa, en el centro de la ciudad, en la carretera, en los autobuses y en los pisos. Llevamos la música brasileña a los oídos de muchas personas; y hemos enseñado a los guiris lo mejor de nuestra cultura tan bien mezclada. Fue una de las cosas más increíbles que he hecho en la vida. Hermanos-sambistas, gracias por tantos momentos indescriptibles. Los quiero.

Como si eso no fuera suficiente para detener mis ganas de la 'carrera musical', fui invitado con mi proyecto en solo (MatheusFonseca) para tocar por todo el verano en una cadena de restaurantes en el norte de España (Galicia - Bayona), pero por los viajes que tenía solo he podido quedarme por 18 días. La cantidad de días, en realidad, no importaba. Era el tiempo suficiente para realizar mi sueño de vivir de la música, y al final ha pasado de una manera que nunca imaginé: solito (voz y guitarra) y en Europa.

Cuando pensé que ya no podría tener mejores experiencias o ser todavía más perfecto de lo que ya era, me compré una mochila grande (65L) y me tiré en la carretera. Este era también un gran sueño que tenía que realizarlo en este mi momento tan histórico. Con coraje, fuerza, solito, sin hablar Inglés y sin mucho dinero. Me fue a buscar a mi mismo en varias partes del mundo. Donde pasé he plantado bondad y cosechado mucho cariño. Irlanda, Escocia, Inglaterra, Italia, Grecia, España, Marruecos, Portugal, Francia, Holanda, Alemania, República Checa, Austria, Hungría. Literalmente llevé la casa en la espalda, y sin duda regresé con la maleta rebosante de experiencias increíbles e historias para compartir.

La verdad es que  yo podría hablar de muchas otras cosas, pero los detalles lo digo en persona a quién quiera oírme, preferiblemente tomando una cerveza fría en mi Río de Janeiro. Pero quiero decir aquí, como un grito que viene de lo más profundo de mi pecho, con el corazón lleno de amor y los ojos llenos de lágrimas: "Yo soy el Graná!".  Esta es la frase que siempre resumió nuestro Erasmus . Y ahora, después de caminar tanto por Europa creo que también puedo decir que "yo soy de todo el mundo."

Aprendí a hablar "Andalu". He sumergido en la cultura española, me enamoré de el flamenco (y de la flamenca), me volví  chef de la cocina de mi casa, me encontré con gente de todas las partes, me hice amigo de todos los continentes del mundo, he bebido en casi todos los bares de la ciudad de Granada, perdí mi móvil en Escocia, he pagado 4 euros en una botella de agua en París, le di mi comida a un mendigo en el Reino Unido, me he perdido en el metro de Londres, canté ‘bossa nova’ con un músico callejero en el centro Roma, descubrí que la segunda lengua oficial en Dublín es el portugués, comi los hongos de Ámsterdam, lloré de dolor en el Muro de Berlín, lavé mi alma en el mar Mediterráneo, he visto las tristes consecuencias de la crisis en Grecia, observé al atardecer arriba de un camello en el desierto del Sahara, gané una familia en Alemania y me quedé flipado con la belleza de las mujeres de Europa del Este.

Ayudé y me ayudaron. Recibi gente en mi casa y fue recibido también. Enseñé samba y  aprendí salsa. Sonreí y me devolvieron la sonrisa. Canté y me quedé encantado. He tocado en fiestas, plazas, clubes, restaurantes. Viajé en autobús, tren, avión y Blablacar. He dormido en  hotel, en el aeropuerto, en el suelo e incluso en la calle. He sido turista, viajero, mochilero y los tres al mismo tiempo. Una vez, casi me muero de la bebida, y otra vez casi me muero de sed también. Me he comido en lugares super caros, y ya he buscado monedas para comprar un pan. He estado en Londres, pero preferí Marrakech. Yo estaba muy cerca del lujo, pero me gustaba más beber con los hippies en el suelo de la plaza. Experimenté lo bueno y lo malo, y me quedo con los dos. Entre los pobres y los ricos, elijo ser lo que lleva la humildad en el corazón y la sonrisa en la cara. Lo que yo quiero de la vida es que me sorprenda todos los días.

Hoy, después de este tiempo aquí, después de conocer a 13 países europeos y un pedazo de África, creo que puedo hablar de algunos temas sociales y políticos, que mi país aún tiene mucho que aprender. Yo no soy nadie para enseñar nada, pero soy discípulo de Gandhi y estoy de acuerdo que el cambio comienza desde dentro del pecho. Creo que puedo ayudar a cambiar el mundo compartiendo mis experiencias con las personas más cercanas a mí, como tú que me lees ahora, y has tenido la paciencia para llegar hasta aquí.

Allí, en el 3 de febrero, hace poco más de seis meses, salí de mi casa con un gran sueño: convertirme en un ciudadano del mundo. Ahora volviendo, puedo reflexionar sobre esto y me  pregunto qué es exactamente la definición de este concepto. En mi punto de vista, ser un ciudadano del mundo es eximirse de los prejuicios, absorber las rupturas culturales, conocer gente nueva, hablar otros idiomas, aventurarse en destinos absolutamente desconocidos, tocar lo invisible, hacer de la vida una entrega diaria, experimentar todos los países como si fuera el tuyo, caminar a pié por las ciudades, hablar con los nativos, no se guiar por mapas y olvidar la tecnología para un tiempo considerablemente largo hasta el punto donde se descubre que el secreto del universo esta realmente en las personas. Sea en la sonrisa sincera de un niño o en el consejo conservador de una monja anciana. No sé si todo esto me convierte en realidad en "ciudadano del mundo" como yo siempre quise ser, pero, de hecho, en ese momento, ya no importa. Llevo dentro, entre el pecho y la espalda los dolores y las alegrías que me quedan, y soy lo que el mundo, con sus muchas facetas me ha convertido; y entonces, por fin, soy aquí sólo una parte integral de esta gran bola azul que sigue intentando encontrar una posición perfecta en el universo que es infinito, pero limitado, de acuerdo con Einstein.


Me dijo un gran maestro que tuve a los 18, "Matheus, este tema de ser lo que es, todavía va a llevarnos mucho más allá". Pues si, perfecto, profesor. El camino me ha traído hasta aquí. Gracias Señor por las muchas bendiciones. Puedo decir: Combatí en el buen combate, y conservé la fe. ¡Amén!

Matheus Fonseca Pinheiro

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Aprendendo pela Estrada ...




Eu quero que os raios de sol perfurem a minha pele como a lança afiada de um pescador experiente, que transpassa a presa sem atuação da inércia. Quero ter os olhos e o coração voltados ao céu, silenciosos e atentos, fixos e incansáveis. Quero que a fé me alimente de sabedoria e de luz pra guiar o meu caminho que cada vez parece mais escuro. Quero a vida sem julgamentos. Quero ser respeitado. Ninguém sabe o que me passa entre o peito e as costas. Ninguém sabe o que me passa por dentro. Ninguém sabe.

Fazem alguns anos que eu caminho pela mesma estrada, dura, fria, longa e as vezes, agonizante.  A cada parada pra beber água reflito e aprendo alguma coisa sobre as pessoas. Aprendi que o amor quando é grande, se compartilha; que um momento de felicidade instantânea deve ser louvado cada segundo; que os caminhos cruzados pelo destino são inevitáveis; e que o valor da verdadeira amizade é muito maior do que qualquer coisa no planeta.

Eventualmente eu olho meus pés (com bolhas, cortados da poeira da estrada) e as minhas pernas doloridas, exaustas de tantos quilômetros ladeira acima, e embora cansado da caminhada, me sinto orgulhoso pelo quanto já aprendi em cada passo que dei. Então, não aceito críticas baratas, não engulo julgamentos estúpidos. Cada ferida que eu carrego, no pé ou peito tem uma história de muita reflexão e aprendizado! Cada fisgada que eu sinto nas pernas ou no coração vem acompanhada de muita experiência e maturidade, e eu não admito que seja desmerecida por quem não me conhece por dentro.

Ontem, sentei um pouco na beira da estrada pra descansar e pensei sobre alguns conceitos importantes pra mim. Nessa análise, aprendi que dentro da amizade não existe espaço para avaliações gerais nem qualificações. Amizade é uma coisa que se leva de dentro pra fora, e se considerações estritamente sociais interferem na relação, pode esquecer. Além disso, aprendi algo que mexeu muito comigo. Marx tinha razão: ‘a religião é o ópio do povo’. Basta ser religioso pra começar a julgar quem e o quê está certo ou errado. Alguns cristãos são craques na arte da sentença, devem ter aprendido com Herodes porque Jesus nunca julgou (e o Papa Francisco também não).


Por tudo isso é que eu prefiro ajudar aos pobres do que dar o dízimo. Prefiro fazer minhas celebrações internas diariamente do que ir bater ponto na missa só aos domingos. Prefiro levar Deus por dentro do que a bíblia na mão. Eu prefiro confessar meus pecados a Deus todos os dias do que conversar 5 palavras com o padre 1 hora antes da comunhão.  Prefiro ser alguém espiritualizado do que simplesmente dizer que sou cristão. Porque os cristãos sempre julgam, mas quem realmente conhece a face de Deus, não!

Matheus Fonseca Pinheiro