Então amigos, me ajudem, por favor!
Eu não faço a menor ideia de como chegar naquela garota. Ela
se mostra tão assim, autossuficiente, cheia de atitude, saca? Eu travo dos pés
a cabeça, sempre que me aproximo dela mais de dez metros. Já pensei em simular
uma encontroada no corredor, ou fingir confundi-la com uma amiga, sei lá, mas a
coragem nunca me sobra e eu fico só olhando... com aquela cara de idiota
hipnotizado, que diga-se de passagem, me é muito peculiar!
E se por um acaso eu perguntar a opinião dela a respeito da
nova película do Almodóvar? Ou comentar por alto da cena mais famosa da
carreira do Tarantino, a dança em "Pulp Fiction" com o Travolta. Vai parecer muita forçação de barra? Eu poderia
convidá-la para assistir a análise crítica de “A Pele que Habito” que vai rolar
na semana que vem, lá no prédio de Psicologia... se ela topar eu juro que passo
o fim de semana inteiro pesquisando características que possam relacionar Woody
Allen com Scorsese.
Não me considero bem um cinéfilo, nem tenho muito
vocabulário pra versar neste campo, então a minha estratégia é desviar as
atenções pra outro tema o mais rápido possível. Quem sabe ela gosta de música
francesa? Aí eu me arrisco um pouco mais. Se ela permitir faço até uma palinha
com o violão e um cigarro de palha atrás da orelha: Seria meu Xeque-mate. As
garotas comuns não resistiriam, mas se tratando dela eu ainda não tenho essa
certeza.
Posso assobiar a trilha sonora de “Meia Noite em Paris”
amanhã, quando for convidá-la para o evento da terça que vem. Se ela sorrir com
aquele tom de que conheceu a melodia eu pergunto se ela gosta da Carla Bruni.
Pode ser uma boa forma de aproximação, não acham? Além do mais, me ajudaria a
definir se a armadilha da seresta à francesa, de fato, funcionará com ela ou se
eu preciso pensar num plano B. De todo modo, se faltar assunto eu lanço aquela,
ao meu ver, infalível: “Jú, o que você achou do Michel Hazanavicius como o melhor diretor no Oscar do ano passado?”
- essa pergunta é sempre polêmica e traz
uma discussão demasiadamente extensa entre os estudantes de cinema.
... e, bom, enquanto ela justifica seu ponto de vista com
todos aqueles gestos e opiniões formadas, eu ganho tempo pra ficar ali pensando no melhor jeito de
beijar a boca mais linda da faculdade!
Matheus Fonseca Pinheiro