sábado, 15 de abril de 2017

Sentir Amor !



Nessas noites escuras, de quartas feiras vazias depois das onze, eu sempre deitava pra procurar o sono e pedia a Deus um amor. Soa brega, né, meio romantizado e idiota; quase vergonhoso de admitir, mas é verdade. Eu pedia a Deus um amor.

Sempre fui meio carente de carinho, e acho que por isso tenho muitos amigos. Cada um pra seu momento, cada grupo pra alguma situação ou lugar específico, cada opinião pro seu devido contexto. Tudo pra não ser sozinho; filho único que sou. Mas no fundo, eu acho que é no instante que a gente põe a cabeça no travesseiro que a vida é de fato real. Longe do facebook, do whatsapp, das festas da faculdade e do bar. Quando você põe o celular pra carregar, desliga do computador e deita na cama, é só você consigo mesmo. Aí é que o que realmente importa na vida vêm dominar sua cabeça.

Eu pedia um amor, porque o único sentimento que vale a pena, na minha opinião hollywoodiana, é o amor. Pode ser amor por aquilo que se faz, ou pelo que se estuda, ou até pelo que se sonha alcançar um dia. Mas um amor desses que te faz carinho pra dormir, ou que deixa cheirinho no seu travesseiro e esquenta as noites de inverno são quase o único propósito da vida. Era esse amor que eu pedia. O amor personificado em alguém, que preencha todos os vazios que você tinha antes de conhecê-lo. Já pensou viver sem nunca ter tido essa sensação? Deus me livre. O amor é quase tudo... é felicidade. Talvez eu seja meio cético com isso, mas discutir felicidade com quem nunca se apaixonou eu acho quase tão insano quanto pedir conselhos de casamento a um padre que cumpre seu voto celibatário.

"Tudo o que há na vida é amor, o resto é silêncio". Eu adoro essa frase. Não sei se ela é completamente verdadeira, mas eu escreveria "tudo o que realmente vale a pena na vida é o amor, o resto é a busca por ele". Pense por um momento em ocasiões do seu dia a dia ou da sua trajetória de vida onde você estava muito feliz. Certamente isso está relacionado ao amor, seja por alguém, por alguma coisa ou por sei lá o quê que você ame. Mas era amor.

Amor é daquelas coisas que não se explica, mas que todo mundo entende. Que quando é, a gente tem certeza de que é. Tipo quando o sorriso fica maior que o rosto; o coração acelera involuntariamente; a ansiedade toma conta do sistema nervoso; o cérebro trabalha mais rápido criando cenas, expectativas ou serotonina. O amor é aquilo que gera fascínio, admiração, encantamento e paixão. O amor tem muitas variações, de ágape à erótico, há uma infinidade de maneiras dele se manifestar, mas uma espinha dorsal forte o define simplesmente como amor, e qualquer pessoa que leia ou escute essa palavra, entende exatamente sobre o que está sendo dito.

Eu não comecei esse texto pra falar de amor. Juro. Queria falar de quartas ferias solitárias, de introspecção pós redes sociais, etc, papo chato, mas viemos parar aqui: num texto repetitivo com a palavra amor escrita mais de 15 vezes, e eu só me dei conta de que falei demais agora, que eu já deveria estar terminando de escrever. Bom, mas falei quase tudo do que eu acho que sei a respeito disso. No fundo, saber mesmo eu não sei nada, gosto mais de sentir. Tudo o que eu aprendi na vida foi sentindo. O que eu não sinto, de verdade, esqueço logo em seguida. Sentir pra mim é essencial. Talvez seja meu verbo preferido.


Não, sei lá, acho que amar é meu verbo preferido. Então vou terminar o texto citando os dois, porque pra mim essas duas palavras definem a razão pela e para a qual habitamos esse mundo: Sentir Amor!

Matheus Fonseca Pinheiro

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Por detrás da tela do Skype!


Nada do que eu te diga agora vai fazer você mudar sua atitude, eu sei. E no fundo, ainda que eu queira sentir mais o seu carinho, que precise tanto do seu amor e esteja desesperada por saber o que está acontecendo contigo nesses últimos dias, não vou te pressionar pra que me conte nada. Nem pedir de volta os mimos de sempre, isso tem que partir de você. Suplicar amor é mais humilhante do que aceitar uma bofetada e chorar sozinha. Nesse momento, confesso que eu preferia a bofetada à essa dor perene que transpassa o meu peito como uma lança de pedra afiada.

Hoje eu tive um sonho horrível. Desamor, desculpas esfarrapadas, sentimento de pena, traição. Acordei mal, meio chorosa, te mandei mensagem contando tudo e o mínimo que eu esperava de você era algo que confortasse um pouco meu coração; dizendo que tudo aquilo era só um sonho, que me amava, e que essas projeções não passavam de bobagens da minha cabeça. Você fez silêncio, sequer desmentiu meus medos e mudou de assunto.

Então se você quer realmente saber, tá aí a raiz da minha insegurança! Esse é o motivo da minha sensibilidade e de toda essa neura que vem tomando conta dos meus pensamentos de uns tempos pra cá. O problema é que a cada dia que passa eu tô me convencendo de que não são loucura da minha mente, mas sim desconfianças e certezas do meu coração. Tô perdendo você aos poucos. Tô vendo você ir embora e não sei como impedir que isso aconteça. Acho que, no fundo, nem tenho esse direito; assim como você também não tem direito de me enganar ou de me esconder o que está acontecendo por aí depois que desliga o Skype.

Nossa relação é a distância. 10 mil quilômetros me separam do seu abraço, e em meio a mudanças de temperatura e fuso horário, tudo o que a gente tem um com o outro é muito frágil e, portanto, precisa ser cuidado com carinho e muita atenção. Qualquer quebra de expectativa, impaciência e distanciamento pode botar tudo a perder, meu amor. Eu vi você se afastar algumas vezes e consegui te trazer de volta justamente porque te fiz perceber que estava caminhando pra longe de mim. Agora, a situação é diferente, já comentei contigo sobre essa mudança, você já se conscientizou do que tá acontecendo e continua agindo igual. É uma escolha sua. Talvez tenha desistido de nós dois.

Daqui a uma semana eu chego a Londres. A passagem já tá comprada, talvez por isso você esteja me cozinhando em banho-maria pra abrir o jogo comigo aí, pessoalmente. Eu tinha essa viagem como um sonho! Passar 20 dias do seu lado no inverno como num conto de fadas. Passear, sair pra jantar, ver filme abraçadinhos, cozinhar juntos, ficar bêbado nas boates, passar horas transando sem parar, enfim, viver um filme hollywoodiano. Talvez o roteiro seja mesmo no estilo Hollywood, mas não aqueles recordes de bilheteria com Ashton Kutcher, Natalie Portman e final feliz. Quem sabe estaremos na sessão Cult-movies, que ganham prêmio em Cannes, mas que não passam de estúpidas tragédias românticas terminadas em decepções e ausência de amor.


Matheus Fonseca Pinheiro