segunda-feira, 15 de agosto de 2011

"O Último Adeus"


Sentados naquele saguão imenso, esperando seu embarque, lembrávamos de tudo o que nos conduziu até alí, e as lágrimas rapidamente voltavam a embaçar nossa vista.
Cada vez que eu pensava na hipótese real de nunca mais voltar a te ver, minha mente se inclinava ao suicídio, e cada segundo que eu te imaginava longe dos meus braços, me encorajava para um homicídio (mas isso não seria um drama, e sim uma tragédia. Todavia, de qualquer modo, o final seria trágico). 
Às vezes, seus olhos fixavam os meus tão profundamente que até pareciam estar lendo meus pensamentos (mas isso nem era tão difícil assim). 
A cada chamada de vôo meu coração congelava porque seu calor ficava mais distante de mim. Eu tinha muita coisa pra dizer mas me faltava ar, e ainda que eu tivesse ar não saberia por onde começar; e ainda que soubesse já não daria mais tempo, faltavam dois minutos. 
Em poucos segundos eu pensei em tanta coisa, que me pareceu não ter pensado em nada. 
Eu não sabia explicar porque, mas só queria te abraçar... talvez na esperança de que tudo aquilo fosse um pesadelo e com meu abraço forte você acordaria, mas já era tarde demais, chegara a hora tão esperada e desesperada, e agora sim começaria o pesadelo de verdadeEu fiquei atônito, e ela como quem se conformara com o destino, segurou meu rosto entre suas mãos frias, e disse com doçura, a frase que selou a cicatriz no meu coração:

 Nosso amor está morrendo, para que nós tenhamos vida .

Ela não olhou pra trás, e até hoje eu também nunca mais olhei.

Matheus Fonseca Pinheiro

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

"O Penúltimo Adeus"



As despedidas em aeroportos são sempre as piores.
Certa vez, em uma dessas, um homem qualquer parecia estar perdendo um pedaço do coração (e de fato estava). Ele chorava incessantemente, e abraçava a moça tão forte que seus braços tremiam. Em uma das mãos a moça segurava o passaporte, e na outra uma agenda de fotos e anotações
Suas malas, dispostas uma em cima da outra, assistiam àquela cena com muita lástima. O homem sussurrava palavras desesperadas de amor e perdão, e a mulher acolhia-as com muitas lágrimas. O dia estava chuvoso e frio, era julho. O relógio apontava para as nove da noite, e embora o maior desejo daquele casal, nesse momento, fosse parar o tempo, os ponteiros giravam rápido demais, eu diria que até mais rápido que o normal. 
Ela não sabia o que dizer naquela hora, eram muitos sentimentos misturados, muitas sensações embaraçadas, e só os soluços cortavam o silêncio no saguão
Ele abraçava-a, beijava-a, mas nada parecia suficiente para conter-lhe o choro, e ela se deixava repousar em seus ombros inconsolável. Havia muita verdade naqueles olhos... mas não havia solução.
Aquele homem era EU e a moça também foi, um dia, um pedaço de mim. (...)
CONTINUA...

Matheus Fonseca Pinheiro

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Mal-me-quer ?


Ninguém é tão perfeito que não cometa erros.
Ninguém é tão covarde para não assumi-los.
O meu deslize foi irracional, eu sei disso.
O dano causado pela minha atitude pode ter sido irreparável, e eu também sei disso.
Todas as minhas explicações serão em vão (então não as darei).
Todo meu arrependimento também.
Tens todo o direito de pensar o pior de mim, porque eu não faria diferente, mas não me julgue antes de ouvir o que tenho a dizer:
É bem provável que as minhas palavras não sejam, exatamente, o que você quer ouvir agora, pois lhe remetem à lembranças doloridas de algo inexplicável para os olhos e incompreensível para o coração!
Eu posso entender se o seu peito me expulsar de dentro dele, mas não ouse pensar que foram falsos os meus beijos, insensíveis os meus toques, insólitos os meus carinhos, e muito menos, diga que nada significou pra você o meu “Eu te amo”.

Matheus Fonseca Pinheiro