quarta-feira, 27 de abril de 2011

Convite à Ilha Abandonada


Meu amor,
Segura minha mão. Ignora os pensamentos alheios. Ponha três ou quatro blusas na mochila e arremessa seu Ipod pela janela.
Pegaremos o ônibus às cinco da manhã rumo à liberdade e a realização do nosso sonho mais secreto e fabuloso. Ao descer do ônibus caminharemos três quilômetros por uma trilha de pedras e chegaremos a nado na tão esperada ilha abandonada.
(Vivem alí alguns pássaros e micos que servirão de cenário para a nossa lua de mel eterna.)

Já pensei em tudo:
  1. Levo comigo algumas facas e cordas para construir nosso ninho de amor.
  2. Levo também meu violão para lhe arrancar os mais lindos sorrisos e lhe fazer adormecer ao som de Caetano.
  3. Sobreviveremos de frutas, água de coco e muito sexo.
  4. Nas noites frias, a lua iluminará o fogo da nossa paixão auxiliada pela luz dos olhos mais belos que já cruzaram com os meus.

Em suma, o plano é infalível.
Nosso crime será perfeito.
Não há vítima, nem Vilão.
Entretanto, apressa-te:
Só posso esperar por mais oitenta e um anos que me restam de vida.

Matheus Fonseca Pinheiro

domingo, 17 de abril de 2011

O Vilão Sou Eu !


Depois de alguns acontecimentos, analiso a mim mesmo.
Nesta noite silenciosa em que eu não pretendia escrever, me pego sonhando acordado com possibilidades incabíveis de futuro. Faço planos sem fundo e fujo dos pensamentos sãos sem perceber. 
A saudade me aperta o peito, mas o superego contém minhas atitudes. 
O amor me mostra claramente as cartas, mas a sensatez não me deixa jogá-las. 
Parece que para cada palavra que eu evito dizer sobre nós dois, mais uma centelha acende na imensidão gelada da minha dúvida e do meu sofrimento. 
É egoísmo e inconsequência da minha parte querer agir por impulso, e botar a perder tudo o que poderia um dia se tornar um lindo conto, mas é tarde demais pra recomeçar! 
Teremos que aprender, eu e você, a lidar com as tolices e injustiças às quais o destino nos submete.
Somos simples marionetes meramente manipuláveis sob domínio de uma criança com facetas de maestro apresentando um espetáculo, onde nós somos os protagonistas.
Você: Doce, sensível, indefesa e atrapalhada.
Eu: Carinhoso, romântico, carente e confuso.

Entretanto, Neste Romance O Vilão Sou Eu.

Matheus Fonseca Pinheiro

segunda-feira, 11 de abril de 2011

É Matemática que ela quer ?


Então,
Virei uma incógnita, também uma linha senoidal
Consigo pensar menos nela – só não perco a intensidade – ainda que quando a vejo a razão é nula
Como num logaritmo minha vida deixou de viver à base dela
Minhas tentativas de ser um mínimo divisor comum terminaram, agora sou apenas um número real que aprendeu a usar o expoenteE o mais incrível disso tudo, minhas probabilidades aumentaram… 
Descobri que o que eu pensava e fazia era inversamente proporcional ao objetivo, e aprendi a fazer combinações
Mas, de fato, ainda preciso calcular minuciosamente toda a área desse novo prisma, ainda que a base, seja a mesma.

Raphael Costa

quarta-feira, 6 de abril de 2011

A Viagem!


Enquanto a caneta, aqui, desliza sobre o papel, meu amor e seus cabelos loiros se distanciam, a passos quilométricos, das minhas mãos.
Ficaremos longos dias separados por obra do destino. Todo este tempo, não sei se é o bastante pra me fazer cair aos prantos, ou apenas o necessário para perceber com sua falta, tamanha importância do teu colo.
Me chamem de tolo aqueles que nunca sentiram saudade; me julguem dramático, os que não tem um coração apaixonado, mas me dêem ouvidos, pelo menos, as pessoas que possuem sensibilidade ao ponto de perceberem a intensidade das minhas palavras:
“Ela foi embora e levou um pedaço de mim
ao findar do dia, voltaria, mas não sei quando é o fim.
A foto na estante e o perfume pela casa
fragiliza com rompante meu peito inteiro em brasa.
Seu sorriso, seu carinho, seu olhar.
recordo isso tudinho, como um inesquecível Cheiro de Mar.
Beijos molhados, corpos colados,
hormônios aflorados, sonhos censurados.
Corações rendidos, encontros escondidos,
mortos, feridos, desejos proibidos.
Cada vez mais longe, prometo esperar teu regresso
com a paciência de um monge, tendo na mão o ingresso.
Ingresso do show, o nosso espetáculo.
Vamos do Rio à Moscou sem nenhum obstáculo.
As cortinas se abrem, ouvem-se aplausos e gritos.
No palco descobrem nossos pequenos e grandes delitos.
Que a mocinha descanse, pois na peça faltou o vilão.
E termina assim o Romance, mas pra rimar eu digo que não."
Matheus Fonseca Pinheiro