sexta-feira, 29 de março de 2013

Não Enlatado !



Eu não faço biquinho no instagram. Não gosto de beber big-maçã. 
Não posto fotos do meu almoço. Não tenho um símbolo do infinito no pescoço. 
Não fumo maconha pra relaxar. Não ouço só as músicas que a rádio tocar. 
Não ando com uma bolsa da Tommy. Não faço coração com a mão, sou “homi”. 
Não uso Abercrombie nem Hollister. Não acho que é tirar onda andar de Veloster. 
Não compro roupa pela etiqueta.  Não vejo nas mulheres só uma bolseta. 
Não bebo pra disfarçar alegria. Não assisto filmes pelo sucesso de bilheteria. 
Não namoro pra trair. Não prefiro sempre mentir. 
Não posto pra onde eu vou sair. Não preciso de um Iphone pra sorrir.

Eu não vou me vender, nem me deixar comprar.

Desculpe, mas eu não me permito enlatar!


Matheus Fonseca Pinheiro

sábado, 9 de março de 2013

Expresso, Como o Café!



Dentro da cidade, tudo corre rápido demais. Os carros, o trem, o relógio, as pessoas. Aqui tudo é assim, expresso, como o café. Eu queria ser ex-pressa, sabe? Pra não ter que fazer parte dessa massa de indivíduos que andam sempre atrasados, esbarrando uns nos outros sem pedir desculpas e dizendo bom dia sem olhar nos olhos. O problema é que eu sou componente do majoritário grupo de assalariados que se amontoam nos ônibus do centro às 7 da manhã em busca de um vale compras pro fim do mês. E pra sobreviver nesse ambiente, eu devo, de fato, me integrar inteiramente a ele.

Um grande professor meu, eventualmente nos questionava, em sala de aula, assim: “O que você faria se não tivesse medo?”. É, realmente ... faria muita coisa, mas eu proponho uma pergunta ainda melhor: O que você faria se não tivesse pressa? Porque você vai concordar comigo que a pressa é muito mais recorrente que o medo, e nos impede de fazer diversas coisas nas quais o medo não exerce nenhuma influência, certo? Exemplo: Ler um livro, ir a praia, tomar uma cerveja, assistir um filme, etc. são tarefas que o medo, por si só, não te impediria de fazer (na maioria dos casos) mas a pressa sim. E, cá pra nós, ela sempre impede.

Que fique claro, eu não estou tentando iniciar aqui uma série de argumentos que, no frigir dos ovos, desembocarão num pequeno protesto contra o modo de produção capitalista exaltando o mundo igualitário, onde todas as pessoas devem gozar dos mesmos benefícios e trabalhar menos, de modo a não ter que alimentar a parcela da mais valia, e blá-blá-blá. Não. Pelo contrário. Eu visto a camisa do “I Love Capitalism”. Sou fascinado pelo estudo de maximização de lucros e pela teoria da produtividade marginal. Mas o que eu sinceramente acho, é que não devemos ser robôs.

Somos de carne e osso, movidos a incentivos, paixões, emoções. Que trabalhemos muito, mas que seja feito com amor. Que realmente cheguemos no fim do dia mortos de cansados, mas cientes do resultado do nosso esforço. O velho Chaplin já dizia “Não sois máquinas, homens é que sois”. Que sejamos, portanto, homens e mulheres com o coração maior que as pernas, com os olhos mais ligados que os celulares, com a vida real mais interessante que a virtual, e aí sim, finalmente, com o saldo de felicidade bem maior que o financeiro.

Avalie objetivamente o custo-benefício das horas extras em reuniões desimportantes. A cidade te oferece bem mais que o café frio do escritório e o trânsito caótico das 6 da tarde. Da próxima vez que for sair por aí, tire os fones do ouvido, levante a cabeça ao caminhar, olhe nos olhos das pessoas, aproveite a brisa no rosto e observe em silêncio tudo aquilo que você nunca viu. Quem sabe, a partir daí, você passe a enxergar a vida de um modo mais apaixonante, como aconteceu comigo desde ontem.

Matheus Fonseca Pinheiro