sábado, 15 de abril de 2017

Sentir Amor !



Nessas noites escuras, de quartas feiras vazias depois das onze, eu sempre deitava pra procurar o sono e pedia a Deus um amor. Soa brega, né, meio romantizado e idiota; quase vergonhoso de admitir, mas é verdade. Eu pedia a Deus um amor.

Sempre fui meio carente de carinho, e acho que por isso tenho muitos amigos. Cada um pra seu momento, cada grupo pra alguma situação ou lugar específico, cada opinião pro seu devido contexto. Tudo pra não ser sozinho; filho único que sou. Mas no fundo, eu acho que é no instante que a gente põe a cabeça no travesseiro que a vida é de fato real. Longe do facebook, do whatsapp, das festas da faculdade e do bar. Quando você põe o celular pra carregar, desliga do computador e deita na cama, é só você consigo mesmo. Aí é que o que realmente importa na vida vêm dominar sua cabeça.

Eu pedia um amor, porque o único sentimento que vale a pena, na minha opinião hollywoodiana, é o amor. Pode ser amor por aquilo que se faz, ou pelo que se estuda, ou até pelo que se sonha alcançar um dia. Mas um amor desses que te faz carinho pra dormir, ou que deixa cheirinho no seu travesseiro e esquenta as noites de inverno são quase o único propósito da vida. Era esse amor que eu pedia. O amor personificado em alguém, que preencha todos os vazios que você tinha antes de conhecê-lo. Já pensou viver sem nunca ter tido essa sensação? Deus me livre. O amor é quase tudo... é felicidade. Talvez eu seja meio cético com isso, mas discutir felicidade com quem nunca se apaixonou eu acho quase tão insano quanto pedir conselhos de casamento a um padre que cumpre seu voto celibatário.

"Tudo o que há na vida é amor, o resto é silêncio". Eu adoro essa frase. Não sei se ela é completamente verdadeira, mas eu escreveria "tudo o que realmente vale a pena na vida é o amor, o resto é a busca por ele". Pense por um momento em ocasiões do seu dia a dia ou da sua trajetória de vida onde você estava muito feliz. Certamente isso está relacionado ao amor, seja por alguém, por alguma coisa ou por sei lá o quê que você ame. Mas era amor.

Amor é daquelas coisas que não se explica, mas que todo mundo entende. Que quando é, a gente tem certeza de que é. Tipo quando o sorriso fica maior que o rosto; o coração acelera involuntariamente; a ansiedade toma conta do sistema nervoso; o cérebro trabalha mais rápido criando cenas, expectativas ou serotonina. O amor é aquilo que gera fascínio, admiração, encantamento e paixão. O amor tem muitas variações, de ágape à erótico, há uma infinidade de maneiras dele se manifestar, mas uma espinha dorsal forte o define simplesmente como amor, e qualquer pessoa que leia ou escute essa palavra, entende exatamente sobre o que está sendo dito.

Eu não comecei esse texto pra falar de amor. Juro. Queria falar de quartas ferias solitárias, de introspecção pós redes sociais, etc, papo chato, mas viemos parar aqui: num texto repetitivo com a palavra amor escrita mais de 15 vezes, e eu só me dei conta de que falei demais agora, que eu já deveria estar terminando de escrever. Bom, mas falei quase tudo do que eu acho que sei a respeito disso. No fundo, saber mesmo eu não sei nada, gosto mais de sentir. Tudo o que eu aprendi na vida foi sentindo. O que eu não sinto, de verdade, esqueço logo em seguida. Sentir pra mim é essencial. Talvez seja meu verbo preferido.


Não, sei lá, acho que amar é meu verbo preferido. Então vou terminar o texto citando os dois, porque pra mim essas duas palavras definem a razão pela e para a qual habitamos esse mundo: Sentir Amor!

Matheus Fonseca Pinheiro

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Por detrás da tela do Skype!


Nada do que eu te diga agora vai fazer você mudar sua atitude, eu sei. E no fundo, ainda que eu queira sentir mais o seu carinho, que precise tanto do seu amor e esteja desesperada por saber o que está acontecendo contigo nesses últimos dias, não vou te pressionar pra que me conte nada. Nem pedir de volta os mimos de sempre, isso tem que partir de você. Suplicar amor é mais humilhante do que aceitar uma bofetada e chorar sozinha. Nesse momento, confesso que eu preferia a bofetada à essa dor perene que transpassa o meu peito como uma lança de pedra afiada.

Hoje eu tive um sonho horrível. Desamor, desculpas esfarrapadas, sentimento de pena, traição. Acordei mal, meio chorosa, te mandei mensagem contando tudo e o mínimo que eu esperava de você era algo que confortasse um pouco meu coração; dizendo que tudo aquilo era só um sonho, que me amava, e que essas projeções não passavam de bobagens da minha cabeça. Você fez silêncio, sequer desmentiu meus medos e mudou de assunto.

Então se você quer realmente saber, tá aí a raiz da minha insegurança! Esse é o motivo da minha sensibilidade e de toda essa neura que vem tomando conta dos meus pensamentos de uns tempos pra cá. O problema é que a cada dia que passa eu tô me convencendo de que não são loucura da minha mente, mas sim desconfianças e certezas do meu coração. Tô perdendo você aos poucos. Tô vendo você ir embora e não sei como impedir que isso aconteça. Acho que, no fundo, nem tenho esse direito; assim como você também não tem direito de me enganar ou de me esconder o que está acontecendo por aí depois que desliga o Skype.

Nossa relação é a distância. 10 mil quilômetros me separam do seu abraço, e em meio a mudanças de temperatura e fuso horário, tudo o que a gente tem um com o outro é muito frágil e, portanto, precisa ser cuidado com carinho e muita atenção. Qualquer quebra de expectativa, impaciência e distanciamento pode botar tudo a perder, meu amor. Eu vi você se afastar algumas vezes e consegui te trazer de volta justamente porque te fiz perceber que estava caminhando pra longe de mim. Agora, a situação é diferente, já comentei contigo sobre essa mudança, você já se conscientizou do que tá acontecendo e continua agindo igual. É uma escolha sua. Talvez tenha desistido de nós dois.

Daqui a uma semana eu chego a Londres. A passagem já tá comprada, talvez por isso você esteja me cozinhando em banho-maria pra abrir o jogo comigo aí, pessoalmente. Eu tinha essa viagem como um sonho! Passar 20 dias do seu lado no inverno como num conto de fadas. Passear, sair pra jantar, ver filme abraçadinhos, cozinhar juntos, ficar bêbado nas boates, passar horas transando sem parar, enfim, viver um filme hollywoodiano. Talvez o roteiro seja mesmo no estilo Hollywood, mas não aqueles recordes de bilheteria com Ashton Kutcher, Natalie Portman e final feliz. Quem sabe estaremos na sessão Cult-movies, que ganham prêmio em Cannes, mas que não passam de estúpidas tragédias românticas terminadas em decepções e ausência de amor.


Matheus Fonseca Pinheiro

domingo, 4 de dezembro de 2016

Efeito Dom Casmurro



Acho que sofro do efeito "Dom Casmurro", e se eu não voltar às minhas sessões com o psicanalista as coisas podem ir de mal a pior. Bom, pra quem não lembra, Dom Casmurro é a obra prima, e talvez o livro mais famoso de Machado de Assis, escritor brasileiro do século XIX que revolucionou a nossa literatura nacional. O livro conta a história de amor entre Bentinho e Capitu, e se desenrola num relato autoral do Casmurro (bentinho) num imbróglio de interpretações infinitas a respeito de se Capitu cometeu adultério, traindo-lhe com seu melhor amigo, ou se tudo isso não passa de expressões (ou projeções?) de um ciúme exagerado, corroborado  por desconfianças sem sentido e justificado por uma fixação insana com Capitu, por parte de seu marido; agravado logicamente pelo senso machista possessivo burguês daqueles tempos.

Sempre fui apaixonado por essa obra e pela construção literária dela, e acredito que isso tenha feito com que em minha vida houvessem alguns capítulos tão parecidos com os dela, e até surpreendentemente descritos em algumas de suas páginas. Confesso que já fui vítima de uma Capitu, se é que posso cunhar o termo "vítima" nessa situação. Mas o fato é que, uma menina-mulher, de olhos de cigana oblíqua e dissimulada quase me fez mudar os rumos da vida. Foi pivô de um forte abalo numa relação madura e sólida que tive, e talvez tenha alguma parcela de culpa também em seu final. Hoje, anos depois de tudo o que aconteceu, ainda me lembro daqueles olhos e do seu jeito de manipular meu sorriso e enfeitiçar meu coração; de modo tão suave que eu sequer pudera perceber tamanho era seu poder de impacto sobre mim.

Mas a verdade é que hoje vivo um outro lado do Dom Casmurro; já não faço mais a leitura tradicional de que bentinho seja o marido perfeito amaldiçoado com uma esposa adúltera. Bentinho é, no frigir dos ovos, um idiota machista de ciúmes possessivos e insanos que só consegue ver na mulher o que ele mesmo é. Dito isso, amigos, assumo: Bentinho, hoje, sou eu.

Sou casado com uma mulher maravilhosa. Linda, inteligente, carinhosa, independente e de sucesso. Todos esses atributos pra mim eram suas melhores características, e foi por eles que eu me apaixonei quando a escolhi pra mãe dos meus filhos. Mas parece que eles viraram ao avesso, e cada uma dessas qualidades agora tem sua conotação negativa, e eu honestamente não estou sabendo lidar com isso.

Eu sei que ela é linda, mas porque tinha que ser tanto? Os caras olham, né, comentam, e quem sabe até jogam uma piadinha ou outra quando eu não tô por perto. Fico num curto-circuito-ciumático interno quando ela sai sozinha e eu fico em casa porque tenho que trabalhar no dia seguinte. A cabeça pensa tanta besteira que eu tomo até remédio pra dormir logo. Porque tão inteligente? As vezes eu reclamo de alguma coisa, absolutamente convicto da minha razão, e depois de ouvi-la por 3 minutos me sinto um completo imbecil por ter dito o que disse e pensado o que pensei. Ela é carinhosa, e eu gosto disso, mas é até demais! Podia ser só comigo, mas porque tem que ser com os amigos também? Eles estão bem, não precisa ligar pra saber. Se tiverem algum problema, deixe que eles resolvam sozinhos ou com suas devidas namoradas, ou sei lá o quê, não precisa dar colinho e cafuné. Não precisa abraçar demais, sair todo dia pra tomar café ou cozinhar o prato que ele gosta pra janta quando ele vem pra comer. Isso ainda não entra na minha cabeça como normal, e acho que não vai entrar nunca.

E olha que eu não falei da independência, porque se isso foi um dia algo que me brilharam os olhos por ela, hoje faz a minha cabeça fritar. Eu sei que ela me ama, mas não depende de mim pra nada, e não sei se isso tá certo. Talvez seja porque em muitos momentos necessito que ela esteja comigo, pra me ajudar, me aconselhar bem, me ajudar na decisão a ser tomada, ou qualquer outra coisa do cotidiano normal, mas pra ela eu sirvo no máximo pra esquentar o edredom na hora do filme e pro sexo matinal de todo dia.

Talvez eu esteja exagerando. Bom eu acho que no fundo estou exagerando... mas esse processo me vem de forma natural, e justamente porque faço nela uma projeção de mim mesmo. E aí está o problema de toda essa situação de merda. Tenho ciúme das cantadas que ela leva, porque já levei algumas e o resultado foi sexo. Minhas vísceras dão um nó por dentro quando ela curte a night sozinha porque já cansei de ver meus amigos e minhas amigas traírem o namorado em ocasiões assim. Já transei com dezenas de amigas, e não consigo ver a amizade dela com aqueles caras como algo despretensioso e fraternal (Será que eu tô viajando muito?). Enfim, o problema da minha visão sobre ela é justamente a minha visão sobre mim mesmo. Sobre como levei minha vida antes que ela chegasse, e sobre como se desenvolveram as minhas experiências. Por isso preciso de ajuda. Não quero estragar um casamento por ser neurótico, alucinado, burro e adúltero. Talvez ela merecesse alguém melhor do que eu, e é esse cara que eu quero me tornar.

Bom, chega! Era isso. Desabafo feito. Acho que eu tô enlouquecendo. Aos poucos. Num conflito interno do meu lado sensato e puro contra minhas concepções sujas e mesquinhas. Acho que preciso abrir o jogo com ela também. Falar de tudo o que eu disse aqui. Vai ser importante, né? É, acho que isso pode ser positivo pra nós ...

Mas sabe o que é pior? É que ela vai me entender, me dar razão, e tentar encontrar um equilíbrio que nos faça estar bem novamente. Como sempre faz. Vai fazer isso porque ela é foda, e sempre me surpreende, me ensinando uma lição nova a cada dia. Eu amo aquela mulher!!! Amo muito. Certamente mais do que esse ciúme-bentinho-insano que tenho por ela e aquele lindo par de peitos.

Matheus Fonseca Pinheiro


sábado, 16 de janeiro de 2016

Sagitária !





Eu sei que a gente não tem nada. Bom, a gente tem uma troca de olhares incrivelmente sincronizada, uma sintonia de sorrisos fora do comum e alguma coisa meio inexplicável que nos faz estremecer quando estamos perto um do outro. E isso, convenhamos, não pode ser definido como “nada”; a maioria dos casais que estão juntos por aí não tem metade da nossa compatibilidade, mas tem pelo menos um relacionamento, nós não, e foi por isso que eu comecei o texto assim, definindo nosso caso como não existente. No fundo ele existe, mas não acontece. Enfim, a situação real é essa: no frigir dos ovos, entre nós dois, hoje, não rola absolutamente nada, nunca rolou e, honestamente não sei dizer se algum dia vai rolar, porque cada vez que eu vejo uma declaração sua pro seu “namorado-perfeito” penso que os olhares, os sorrisos e o ‘alguma coisa inexplicável’ que eu citei lá em cima, são comportamentos unilaterais. Nesse caso, de mim pra você, mas que a contrapartida disso só existe de verdade na minha cabeça.

Sonhei contigo hoje (e não foi a primeira vez). Eu passava na sua casa pra te pegar pra sair, e conversava com a sua mãe na cozinha enquanto você terminava de se arrumar. Vocês tinham acabado de chegar lá de Sorocaba e ela me contava das travessuras dos seus primos no feriado. No momento em que eu ria das histórias, você entra, linda, deslumbrante com aquela saia longa de cintura alta esverdeada que eu adoro e diz "vamos?", com esse sorriso desconcertante que faz meus olhos brilharem. Eu elogio seu cabelo, você agradece, se despede da sua mãe, e a última coisa que eu me lembro é de ter ganho um beijo seu antes de chamar o elevador. 

Era sonho, né, claro, bobagem, eu tava só dormindo; mas eventualmente fico sonhando acordado com esses momentos mágicos, sabia? Me pergunto quando é que eu vou poder pegar na sua mão sem ter que disfarçar pra ninguém ver, ou quando te chamar, sem receios, pra correr comigo na orla e tomar uma água de côco no seu José vendo o pôr-do-sol alaranjado escurecer da areia. Quero aceitar seu convite pra ir à praia do sossego, mas poder dizer que prefiro ir só contigo, sem sua melhor amiga de contrapeso. E assumir, de uma vez por todas, que as aulas de dança que eu sugeri são só um pretexto inteligente pra sentir seu perfume mais de perto, e poder, ainda que por alguns minutos, atestar a sincronicidade dos nossos corpos num ritmo de constante envolvimento, sentindo a minha barba arranhar a sua bochecha.

Todas as noites eu te mando uma mensagem antes de dormir, e deito fantasiando cenas de uma relação impossível, que só pode virar realidade se você assumir pra si mesma que a gente tem tudo pra dar certo. Nós sabemos perfeitamente que o que tá acontecendo não é um encantamento pontual e passageiro, e que não vai desaparecer de hoje pra amanhã, meu bem, mas se a sua decisão continuar sendo a ‘indecisão’ eu posso apostar que não demora muito pra a gente perder o timing (se isso já não tiver acontecendo). E aí sim, vai ser o ponto final de um romance que nem começou; e o que sobra sempre nesses casos é só a dúvida (cruel e infinita) de “como seria se tivesse sido?”.

Querida, eu só queria que você tivesse um pouco mais de coragem pra seguir seu coração. Às vezes eu sinto que te falta atitude pra se posicionar de forma decisiva, e a maturidade, nesse momento, faz uma enorme diferença. Você pode dizer pra mim que a sua “síndrome do macaco gordo” te venceu e que prefere ficar parada no mesmo galho velho ao invés de conhecer o resto da floresta. Eu vou entender, e mesmo achando que você tá errada, vou embora, sem questionar, acreditando que você tenha boas razões pra essa escolha. Mas, por favor, não acaricia a minha mão, nem enrosca suas pernas nas minhas debaixo da mesa se realmente não quiser ficar comigo; não diz que meu sorriso te deixa meio ‘bobinha’, nem que a minha presença te faz acelerar o coração, se não vai escolher estar do meu lado de verdade; não me encara desse jeito que só você sabe, sorrindo e cheia de paixão nos olhos se não tá afim de viver uma relação verdadeira, e de corpo inteiro.

Eu estou a beira de me apaixonar, e assumo isso, mas me recuso a continuar vivendo um sonho sozinho. Você tem o que quiser de mim, eu já te disse, mas não vou continuar aqui disponível sempre que te for conveniente, sinto muito. Eu não mereço ser o reserva, e não quero ocupar esse lugar. Estive em modo 'Stand by' esperando por você até agora, mas me dei conta, no sábado, que seu namorado te faz muita falta, né, e que não há distancia que separe um amor verdadeiro, afinal. Tá certo, belas palavras, eu concordo contigo; e talvez isso tenha sido um sinal pra que eu me afaste aos poucos, antes de sofrer por uma coisa que nunca existiu.


Mas, cá entre nós, digo do fundo do meu coração idiota, confuso e atordoado: se ainda tiver procurando um parceiro de vida e viagem, de tapioca e chocolate, sushis e medalhões à piamontese, França e Espanha, trilhas e praias paradisíacas, Kelly key e Maroon 5, Blueberrys e brigadeiros de nutella, Natiruts e nascer do sol, Moscou e Nepal, sorvete de flocos e brigadeiro de panela,  Sana e Ilha Grande, bungeejumping e paraquedas, Ilhas Fiji e Cancún, vinhos baratos e um porco de estimação, diz de uma vez por todas que me quer como seu camera-man, e que me escolhe pra compartilhar os momentos mais divertidos e inesquecíveis dos seus vinte e poucos anos, de tanto charme e simpatia.

Matheus Fonseca Pinheiro



terça-feira, 10 de novembro de 2015

Sobre um vinho, um filme e um beijo ...


A gente assistia “Friends with benefits” dublado na sala de estar da casa dela quando, natural e subitamente, rolou o primeiro beijo. Foi meio que impulsionado por alguma força externa, eu acho (o álcool, talvez). Posso afirmar que não tomei a iniciativa e ela jurou de pés juntos que também não. Sabe quando parece que rola um magnetismo corporal involuntário, onde os corpos se atraem tão lentamente que se fundem quase que em um só por alguns segundos? Entendem isso? É muito louco! Todo mundo já viveu alguma coisa assim. Vale a pena, mas aconselho aqui (inclusive a mim mesmo), com conhecimento de caso, que quando as coisas começam desse jeito, é melhor preparar o coração.

Éramos amigos de longa data. Amigos de infância mesmo. Brincamos juntos, nossos pais se conheciam, etc. Tipo aquele lance de quase primos. Não tínhamos nenhum parentesco real mas era como se tivéssemos. ‘Bibi’ pra cá – ‘Seu Chato’ pra lá. Essas nomenclaturas infantis clássicas que te fazem perder todo tesão que você pudesse ter naquela menina que cresceu contigo, ainda que ela seja uma versão beta da Penelope Cruz. Bom, mas o tempo passa, as coisas mudam, e lá estávamos nós, mais de 20 anos depois, abraçados na cama, olhando pro teto daquele quarto escuro e pensando em silêncio simultaneamente: “Caralho, o mundo dá muitas voltas!”.

Pois é verdade. Eu sou daqueles que acredita que algumas coisas na vida tem de acontecer sim ou sim. Essa por exemplo, foi uma delas. Tá, tudo bem, sejamos sinceros. Naquela noite meio fria de sábado eu joguei baixo (mas juro que não tinha a pretensão de ir tão longe). Os pais dela tinham viajado pro interior e ela ficaria em casa todo o fim de semana sozinha. Eu ofereci companhia e toquei a campainha às 22:30h com um vinho tinto francês e cheio de sorrisos. Fazia bastante tempo que a gente não se via. Tinha muita conversa pra pôr em dia, afinal. Abrimos a garrafa e entre um gole e outro, uma série no netflix e uma gargalhada alta entramos em um clima tão gostoso que a partir dali tudo podia acontecer.

Quando a garrafa acabou eu me dei conta de que a Bia já tava rindo à toa. Honestamente eu também não me sentia absolutamente sóbrio. Escolhemos outro filme (o tal lá da primeira linha) e deitamos no sofá. Não demorou muito pra que nossos corpos se aproximassem à uma linha tênue extremamente perigosa entre a amizade e o libido. Senti medo de avançar, e não o fiz. Me contive contrariando aos meus instintos mais latentes, se é que me entendem. Relaxei. Quase me mexi pra distanciar meu peito das costas dela, mas eu não queria deixar de sentir aquele perfume. Fui fraco. Fiquei, e foi o suficiente. Dois minutos depois e já nos beijávamos como se fossemos velhos amantes. Parecia estranho e estúpido, mas tava tão bom que não conseguimos parar; e aquilo foi só o início da noite.

A gente se encaixava bem na cama. Os olhares se cruzavam cheios de mensagens subliminares. As mãos deslizavam por caminhos óbvios, mas descobriam prazeres inéditos. As roupas já não existiam mais. Na verdade, muita coisa ali a nossa volta já não existia; pra nós, naquele momento não importava. A magia que emanava dentro daquelas quatro paredes transcendia o modo de percepção empírica do ato. Era especial. Fora do comum.

Hoje eu to aqui, na poltrona do meu quarto, escrevendo umas coisas e pensando nesse lance que tá acontecendo com a gente. Me lembro que há alguns anos atrás eu já tinha essa vontade de me aproximar pra ver se rolava alguma coisa, mas ela namorava. Era complicado. Agora vejo o caminho aberto, e as coisas acontecendo tão naturalmente que me assustam um pouco. Não achei que seria assim. Na verdade, eu também não sei como achei que seria. Vocês entendem né, eu só não queria me apaixonar. O problema é que essas coisas não se escolhe; e é exatamente isso o que me preocupa. Naquela noite a gente não assistiu ao final do filme, óbvio, mas não precisa ser muito esperto pra entender a lógica romantizada dessas baboseiras hollywoodianas: Em pouco tempo o casal perde o controle da situação inicial e passa a integrar as estatísticas das relações estáveis e socialmente aceitas.

Dizem que a vida imita a arte! Vamo ver no que dá...


Matheus Fonseca Pinheiro

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Cidadão do Mundo !



Saí de casa dia 3 de fevereiro de 2015 com um monte de expectativas. Eu tava indo estudar por 6 meses em uma boa universidade da Espanha e iria poder vivenciar um pouco a realidade europeia. Coisa que sempre me brilhou os olhos. O que eu não sabia era que o destino guardava pra mim muito mais do que isso. Essa experiência não seria só uma linha a mais no meu currículo profissional, seria um capitulo de ouro na minha autobiografia. Daquela data em diante eu viveria os melhores momentos da minha vida em um espaço de tempo tão curto quanto um conto de fadas, o que na realidade, ainda me parece. Meus dias nunca tinham sido tão intensamente vividos. Nem nos meus melhores sonhos eu poderia imaginar sequer 10% do que se fez realidade. Se eu me propusesse a escrever um livro agora, acho que não seria capaz de expressar tudo de modo minimamente justo, então queria apenas compartilhar aqui com vocês alguns flashes que eu considero mais importantes dessa minha fugaz-mágica-trajetória-universitária-européia-viajante-inesquecível.

Caí de paraquedas em Granada, a cidade que me escolheu. Choque de realidade total; e de temperatura também (fazia 7° negativos). Nas minhas primeiras horas na cidade conheci a galera que faria parte da minha experiência Erasmus até o final. O grupo “Solo una cerveza”. Saudações, moçada, vocês moram no meu coração. A universidade era um sonho e eu estava só na instituição que mais recebe intercambistas de toda a europa. Resultado: Um impacto cultural gigantesco, eu diria que foi até brutal. Os ‘bares de tapas’ viraram a minha casa e os “botellones” minha rotina quase diária. Em um só dia eu vivia tanta coisa que ia dormir pensando que já tinha passado uma semana. Não existia hora pra deitar. 4 da manhã ainda estávamos começando a festa. Na verdade, acho que nunca dormi tão pouco na vida como nesses 6 meses. Granada é uma cidade que nunca para, e claro, eu como parte integrante desse ambiente também não podia parar.

Entre um botellon e outro montamos um grupo de samba. Sambaycín. Que certamente vai ficar marcado na história do Erasmus-Granada-2015. Estreamos na MaeWest (casa cheia), tocamos na praia, no centro da cidade, na estrada, nos ônibus e nos apartamentos. Levamos música brasileira aos ouvidos de muita gente; e apaixonamos os gringos com o melhor da nossa cultura tão miscigenada. Foi uma das coisas mais incríveis que eu já fiz. Irmãos-bambas, obrigado por tantos momentos indescritíveis.

Como se isso não bastasse pra cessar a minha sede da ‘carreira musical’, fui convidado, com meu projeto solo (MatheusFonseca), pra tocar durante todo o verão em uma rede de restaurantes no norte da Espanha (Galícia – Baiona), mas por conta das viagens acabei fechando o contrato só pra 18 dias. A carga horária não importava, foi o tempo suficiente pra de fato realizar o meu sonho de viver da música, e acabou acontecendo de uma forma que eu nunca imaginei: sozinho (voz e violão) e na europa.

Quando eu achei que não dava mais pra ter melhores experiências ou pra ser mais completo do que já era, comprei uma mochila de 65L e me joguei na estrada. Esse também era um grande sonho que eu precisava realizar nesse meu momento tão histórico. Na coragem, na raça, sozinho, sem falar inglês e sem muito dinheiro. Fui buscar a mim mesmo em diversas partes do mundo. Por onde passei plantei gentileza e colhi muito carinho. Irlanda, Escócia, Inglaterra, Itália, Grécia, Espanha, Marrocos, Portugal, França, Holanda, Alemanha, República Tcheca, Áustria, Hungria. Literalmente levei a casa nas costas, e definitivamente voltei com a mala transbordando de experiências incríveis e de histórias pra contar.

Enfim, eu poderia falar de muitas outras coisas, mas os detalhes eu prefiro contar ao vivo pra quem quiser me ouvir, de preferência tomando uma cerveja estupidamente gelada no meu Rio de Janeiro. Mas não posso deixar de dizer aqui, como um grito que sai do fundo peito, com o coração cheio de amor e os olhos transbordando de lágrimas: “Yo soy de Graná!”. Essa é a frase que sempre resumiu o nosso Erasmus. E agora, depois dessas tantas voltas Europa a fora eu acho que posso dizer que também “Sou do mundo inteiro”.

Aprendi a falar “Andalú”, mergulhei na cultura espanhola, me apaixonei pelo flamenco, virei chefe de cozinha da minha casa, conheci gente do mundo inteiro, fiz amigos de todos os continentes do mundo, bebi em quase todos os bares da cidade de Granada, perdi meu celular na escócia, paguei 15 reais numa garrafa d’água em París, dei minha comida à um mendigo no UK, me perdi no metrô de Londres, cantei bossa nova com um músico de rua no centro de Roma, descobri que a segunda língua oficial em Dublin é o português, experimentei os cogumelos de Amsterdam, chorei de dor no muro de Berlín, lavei a alma no mar mediterrâneo, vi as consequências tristes da crise na Grécia, assisti ao pôr do sol em cima de um camelo no deserto do sahara, ganhei uma família na Alemanha e fiquei impressionado com a beleza das mulheres do leste europeu.

Ajudei e fui ajudado. Hospedei e fui hospedado. Ensinei samba e aprendi salsa. Sorri e me sorriram de volta. Cantei e fiquei encantado com isso. Já toquei em festas, praças, boates, restaurantes. Viajei de ônibus, trem, avião e blablacar. Já dormi em hotel, em aeroporto, no chão e até na rua. Já fui turista, viajante, mochileiro e os três ao mesmo tempo. Uma vez, quase morri de tanto beber, e já quase morri de tanta sede também. Já comi em lugares caríssimos, e já contei moedinhas pra comprar um pão. Já estive em Londres, mas preferi Marrakech. Cheguei muito perto do ápice do luxo, mas gostei mais de beber com os hippies no chão da praça. Experimentei o bom e o ruim, e fico com os dois. Entre o pobre e o rico, eu escolho ser aquele que leva a humildade no coração e o sorriso nos lábios. O que eu quero da vida é que ela me surpreenda todos os dias.

Hoje, depois desse tempo fora, depois de ter conhecido 13 países da Europa e um pedaço da África, sinto que posso opinar sobre algumas concepções sociais e políticas, as quais o meu país ainda tem muito o que aprender. Não sou ninguém pra ensinar nada, mas sou discípulo de Gandhi e concordo que a mudança começa por dentro. Acredito que posso ajudar a mudar o mundo compartilhando minhas experiências com as pessoas mais próximas de mim, como vocês que me leem agora, e tiveram a paciência de chegar até aqui.

Lá no dia 3 de fevereiro, a pouco mais de 6 meses atrás, eu saí de casa com um grande sonho: virar cidadão do mundo. Agora voltando, reflito sobre isso e me pergunto o que seria exatamente a definição desse conceito. No meu entendimento, ser cidadão do mundo é se isentar dos preconceitos, absorver rupturas culturais, conhecer pessoas novas, falar outros idiomas, se aventurar por destinos absolutamente desconhecidos, tocar o invisível, fazer da vida uma entrega diária, vivenciar cada país como se fosse o seu, andar a pé pelas cidades, conversar com os nativos, não se guiar por mapas e esquecer das tecnologias por um tempo consideravelmente longo até o ponto onde você descobre que o segredo do universo está verdadeiramente nas pessoas. Seja no riso sincero de uma criança ou no conselho conservador de uma freira idosa. Não sei se tudo isso me faz de fato o tal “cidadão do mundo” que eu sempre quis ser, mas na verdade, nesse momento, isso já não importa. Eu levo por dentro, entre o peito e as costas as dores e alegrias que me cabem e sou o que o mundo, com suas tantas facetas, fez de mim; e me apresento aqui apenas como parte integrante dessa grande bola azul que gira na tentativa de encontrar uma posição perfeita no universo que é infinito, mas limitado, segundo Einstein.


Me dizia um grande mestre que eu tive aos 18 anos: “Matheus, essa coisa de ser o que se é ainda vai levar a gente muito além”. Perfeito, professor. O caminho me trouxe até aqui. Agradeço a Deus por tantas bênçãos, e posso dizer: Combati o bom combate, terminei a carreira e guardei a fé. Amém.

Matheus Fonseca Pinheiro

Ciudadano del Mundo !




Salí de mi casa el 3 de febrero de 2015 con un montón de expectativas. Iba estudiar por 6 meses en una buena universidad en España e iba poder vivir un poquito de la realidad europea. Algo que siempre me ha encantado. Lo que yo no podría imaginar era que el destino me iba regalar mucho más que eso. Esa experiencia no sería solamente una línea más en mi currículo profesional, pero si no un capitulo de oro en mi autobiografía. Desde esa fecha yo vivi los mejores momentos de mi vida en un espacio de tiempo tan corto como un cuento de hadas, y de hecho, me parece eso todavía. Mis días nunca habían sido vividos tan intensamente. Ni en mis mejores sueños yo podría imaginar siquiera 10% de lo que se ha hecho realidad. Si me pongo ahora mismo a escribir un libro creo que no sería capaz de decir todo de una forma justa, entonces me gustaría compartir aquí con vosotros algunos momentos que pienso que fueron los más importantes de mi fugaz-mágica-trajetoria-universitaria-europea-viajera-inolvidable.

Aterricé en un paracaídas en Granada, la ciudad que me ha elegido a mi. Cambio total de realidad. Y también de temperatura (hacía 7° negativos). En mis primeras horas en la ciudad conocí a los chicos y chicas que formarían parte de mi experiencia Erasmus hasta el final. El grupo "Solo una cerveza". Saludos, guapitos, vosotros viven en mi corazón. La universidad era un sueño y yo estaba justo a la institución que recibe más estudiantes de intercambio en toda Europa. Resultado: Un enorme impacto cultural, yo diría brutal incluso. Los "bares de tapas" se volvieron mi casa y los "botellones" mi rutina casi diaria. En un solo día vivía tantas cosas que me iba a dormir pensando que ya se había ido una semana. No había hora para acostarme. A las 4 de la noche todavía estábamos empezando la fiesta. En verdad, creo que nunca he dormido tan poco en la vida como en estos seis meses. Granada es una ciudad que nunca para, y por supuesto, yo como parte integral de ese entorno también no podía parar.

Entre un botellón y otro hemos creado un grupo de samba. Sambaycín, que seguramente será recordado en la historia del Erasmus Granada 2015. Hicimos nuestro primero concierto en la Mae West (llena), tocamos en la playa, en el centro de la ciudad, en la carretera, en los autobuses y en los pisos. Llevamos la música brasileña a los oídos de muchas personas; y hemos enseñado a los guiris lo mejor de nuestra cultura tan bien mezclada. Fue una de las cosas más increíbles que he hecho en la vida. Hermanos-sambistas, gracias por tantos momentos indescriptibles. Los quiero.

Como si eso no fuera suficiente para detener mis ganas de la 'carrera musical', fui invitado con mi proyecto en solo (MatheusFonseca) para tocar por todo el verano en una cadena de restaurantes en el norte de España (Galicia - Bayona), pero por los viajes que tenía solo he podido quedarme por 18 días. La cantidad de días, en realidad, no importaba. Era el tiempo suficiente para realizar mi sueño de vivir de la música, y al final ha pasado de una manera que nunca imaginé: solito (voz y guitarra) y en Europa.

Cuando pensé que ya no podría tener mejores experiencias o ser todavía más perfecto de lo que ya era, me compré una mochila grande (65L) y me tiré en la carretera. Este era también un gran sueño que tenía que realizarlo en este mi momento tan histórico. Con coraje, fuerza, solito, sin hablar Inglés y sin mucho dinero. Me fue a buscar a mi mismo en varias partes del mundo. Donde pasé he plantado bondad y cosechado mucho cariño. Irlanda, Escocia, Inglaterra, Italia, Grecia, España, Marruecos, Portugal, Francia, Holanda, Alemania, República Checa, Austria, Hungría. Literalmente llevé la casa en la espalda, y sin duda regresé con la maleta rebosante de experiencias increíbles e historias para compartir.

La verdad es que  yo podría hablar de muchas otras cosas, pero los detalles lo digo en persona a quién quiera oírme, preferiblemente tomando una cerveza fría en mi Río de Janeiro. Pero quiero decir aquí, como un grito que viene de lo más profundo de mi pecho, con el corazón lleno de amor y los ojos llenos de lágrimas: "Yo soy el Graná!".  Esta es la frase que siempre resumió nuestro Erasmus . Y ahora, después de caminar tanto por Europa creo que también puedo decir que "yo soy de todo el mundo."

Aprendí a hablar "Andalu". He sumergido en la cultura española, me enamoré de el flamenco (y de la flamenca), me volví  chef de la cocina de mi casa, me encontré con gente de todas las partes, me hice amigo de todos los continentes del mundo, he bebido en casi todos los bares de la ciudad de Granada, perdí mi móvil en Escocia, he pagado 4 euros en una botella de agua en París, le di mi comida a un mendigo en el Reino Unido, me he perdido en el metro de Londres, canté ‘bossa nova’ con un músico callejero en el centro Roma, descubrí que la segunda lengua oficial en Dublín es el portugués, comi los hongos de Ámsterdam, lloré de dolor en el Muro de Berlín, lavé mi alma en el mar Mediterráneo, he visto las tristes consecuencias de la crisis en Grecia, observé al atardecer arriba de un camello en el desierto del Sahara, gané una familia en Alemania y me quedé flipado con la belleza de las mujeres de Europa del Este.

Ayudé y me ayudaron. Recibi gente en mi casa y fue recibido también. Enseñé samba y  aprendí salsa. Sonreí y me devolvieron la sonrisa. Canté y me quedé encantado. He tocado en fiestas, plazas, clubes, restaurantes. Viajé en autobús, tren, avión y Blablacar. He dormido en  hotel, en el aeropuerto, en el suelo e incluso en la calle. He sido turista, viajero, mochilero y los tres al mismo tiempo. Una vez, casi me muero de la bebida, y otra vez casi me muero de sed también. Me he comido en lugares super caros, y ya he buscado monedas para comprar un pan. He estado en Londres, pero preferí Marrakech. Yo estaba muy cerca del lujo, pero me gustaba más beber con los hippies en el suelo de la plaza. Experimenté lo bueno y lo malo, y me quedo con los dos. Entre los pobres y los ricos, elijo ser lo que lleva la humildad en el corazón y la sonrisa en la cara. Lo que yo quiero de la vida es que me sorprenda todos los días.

Hoy, después de este tiempo aquí, después de conocer a 13 países europeos y un pedazo de África, creo que puedo hablar de algunos temas sociales y políticos, que mi país aún tiene mucho que aprender. Yo no soy nadie para enseñar nada, pero soy discípulo de Gandhi y estoy de acuerdo que el cambio comienza desde dentro del pecho. Creo que puedo ayudar a cambiar el mundo compartiendo mis experiencias con las personas más cercanas a mí, como tú que me lees ahora, y has tenido la paciencia para llegar hasta aquí.

Allí, en el 3 de febrero, hace poco más de seis meses, salí de mi casa con un gran sueño: convertirme en un ciudadano del mundo. Ahora volviendo, puedo reflexionar sobre esto y me  pregunto qué es exactamente la definición de este concepto. En mi punto de vista, ser un ciudadano del mundo es eximirse de los prejuicios, absorber las rupturas culturales, conocer gente nueva, hablar otros idiomas, aventurarse en destinos absolutamente desconocidos, tocar lo invisible, hacer de la vida una entrega diaria, experimentar todos los países como si fuera el tuyo, caminar a pié por las ciudades, hablar con los nativos, no se guiar por mapas y olvidar la tecnología para un tiempo considerablemente largo hasta el punto donde se descubre que el secreto del universo esta realmente en las personas. Sea en la sonrisa sincera de un niño o en el consejo conservador de una monja anciana. No sé si todo esto me convierte en realidad en "ciudadano del mundo" como yo siempre quise ser, pero, de hecho, en ese momento, ya no importa. Llevo dentro, entre el pecho y la espalda los dolores y las alegrías que me quedan, y soy lo que el mundo, con sus muchas facetas me ha convertido; y entonces, por fin, soy aquí sólo una parte integral de esta gran bola azul que sigue intentando encontrar una posición perfecta en el universo que es infinito, pero limitado, de acuerdo con Einstein.


Me dijo un gran maestro que tuve a los 18, "Matheus, este tema de ser lo que es, todavía va a llevarnos mucho más allá". Pues si, perfecto, profesor. El camino me ha traído hasta aquí. Gracias Señor por las muchas bendiciones. Puedo decir: Combatí en el buen combate, y conservé la fe. ¡Amén!

Matheus Fonseca Pinheiro