segunda-feira, 4 de maio de 2015

Aprendendo pela Estrada ...




Eu quero que os raios de sol perfurem a minha pele como a lança afiada de um pescador experiente, que transpassa a presa sem atuação da inércia. Quero ter os olhos e o coração voltados ao céu, silenciosos e atentos, fixos e incansáveis. Quero que a fé me alimente de sabedoria e de luz pra guiar o meu caminho que cada vez parece mais escuro. Quero a vida sem julgamentos. Quero ser respeitado. Ninguém sabe o que me passa entre o peito e as costas. Ninguém sabe o que me passa por dentro. Ninguém sabe.

Fazem alguns anos que eu caminho pela mesma estrada, dura, fria, longa e as vezes, agonizante.  A cada parada pra beber água reflito e aprendo alguma coisa sobre as pessoas. Aprendi que o amor quando é grande, se compartilha; que um momento de felicidade instantânea deve ser louvado cada segundo; que os caminhos cruzados pelo destino são inevitáveis; e que o valor da verdadeira amizade é muito maior do que qualquer coisa no planeta.

Eventualmente eu olho meus pés (com bolhas, cortados da poeira da estrada) e as minhas pernas doloridas, exaustas de tantos quilômetros ladeira acima, e embora cansado da caminhada, me sinto orgulhoso pelo quanto já aprendi em cada passo que dei. Então, não aceito críticas baratas, não engulo julgamentos estúpidos. Cada ferida que eu carrego, no pé ou peito tem uma história de muita reflexão e aprendizado! Cada fisgada que eu sinto nas pernas ou no coração vem acompanhada de muita experiência e maturidade, e eu não admito que seja desmerecida por quem não me conhece por dentro.

Ontem, sentei um pouco na beira da estrada pra descansar e pensei sobre alguns conceitos importantes pra mim. Nessa análise, aprendi que dentro da amizade não existe espaço para avaliações gerais nem qualificações. Amizade é uma coisa que se leva de dentro pra fora, e se considerações estritamente sociais interferem na relação, pode esquecer. Além disso, aprendi algo que mexeu muito comigo. Marx tinha razão: ‘a religião é o ópio do povo’. Basta ser religioso pra começar a julgar quem e o quê está certo ou errado. Alguns cristãos são craques na arte da sentença, devem ter aprendido com Herodes porque Jesus nunca julgou (e o Papa Francisco também não).


Por tudo isso é que eu prefiro ajudar aos pobres do que dar o dízimo. Prefiro fazer minhas celebrações internas diariamente do que ir bater ponto na missa só aos domingos. Prefiro levar Deus por dentro do que a bíblia na mão. Eu prefiro confessar meus pecados a Deus todos os dias do que conversar 5 palavras com o padre 1 hora antes da comunhão.  Prefiro ser alguém espiritualizado do que simplesmente dizer que sou cristão. Porque os cristãos sempre julgam, mas quem realmente conhece a face de Deus, não!

Matheus Fonseca Pinheiro