domingo, 22 de dezembro de 2013

Na Travessa do Leblon ...






Nos conhecemos na Travessa. Ela procurava um romance dentre a sessão de ‘Literatura Estrangeira’, e eu esperava na fila da maquininha pra consultar o preço do livro que o professor de Finanças Públicas tinha indicado. Ela passou os olhos em volta, só por costume, mas me notou no meio de tantas pessoas no mínimo tão esquisitas quanto eu; e aí, nesse momento, saber o valor do livro já era secundário pra mim, eu só queria encontrar alguma forma de dizer meu nome e ganhar seu telefone. Tarefa árdua, para uma tarde de quarta-feira dentro de uma livraria.

No fim de semana seguinte dividimos um sorvete na Atlântica e eu à convidei pra ver a Sessão Cult Especial do Odeon que estrearia às 20h. Ninguém menos que Richard Gere e Julia Roberts estariam nas telonas. Estratégia “Pretty Women”, sempre infalível. Mas confesso que dessa vez não foi bem como eu esperava; a única coisa que eu ganhei foi um beijo no rosto quando nos despedimos na portaria do prédio dela.

Daí em diante, nossos encontros foram mais descontraídos, sem muitas formalidades. Conhecemos juntos a Floresta da Tijuca, almoçamos pão com linguiça, vimos o pôr do sol da areia da nossa praia favorita e andamos de bike de mãos dadas no Aterro. Jantamos no Marius Degustare, viajamos pra esquiar na Patagônia, brincamos de guerra de neve em Londres e ouvimos reggae às 4:20 no Sana. Passamos o fim de semana mais divertido das nossas vidas em Búzios. Ficamos no camarim do Gil no carnaval em Salvador. Trocamos alianças de fidelidade no Xingú e fomos abençoados pelo Cacique da tribo local: juramos amor eterno e fomos consagrados pelos Deuses.  


É engraçado lembrar de tudo isso agora, porque foi tão forte que eu realmente achei que seria pra sempre. Não sei se você vai ler esse texto, ou se vai conseguir entender na essência tudo o que eu disse aqui. Talvez você lembre remotamente de cada um dos fatos que eu descrevi, e ao menos reflita sobre algum; talvez tenha mais o que fazer nessa próxima semana - sei como são essas coisas dos ‘preparativos’. Mas o fato é que eu vou demorar um bom tempo pra me acostumar com a ideia de que depois de anos, juntos, pra construir uma vida, você joga fora de vez a minha aliança Nauquá de madeira, no próximo fim de semana, substitui por uma dourada com brilhantes e sobe no altar, pra ser pro resto dos dias, a mulher da vida de outro cara.  

Matheus Fonseca Pinheiro