quinta-feira, 28 de julho de 2011

"História da Carochinha" (O balaio de gato)


Relato, estupefato, um fato pacato, acharam no mato um balaio de gato.
O pato e a pata de pé no sapato partiram pra ponta pontuda do penhasco, publicando pro povo um problema novo: 
“Os felinos fugiram da casca do ovo!”
 Um falcão, de prontidão, fez a organização da comissão: No ar, o gavião; no mar o tubarão; o jaguar ia no chão, a se guiar pela valentia do leão. Unidos por rugidos em sua comunicação, procuravam os desaparecidos com a ajuda da população. A formiga e sua antiga amiga; o macaco de suvaco na barriga; o elefante saltitante da caverna; e o gigante hipopótamo sem perna. O tucano baiano com plano no pano e seus mano: Beltrano, Fulano e Ciclano, faziam experiências com propil, metil, butil e pentil, e misturavam propano e metano na catapulta, que pariu.
Todo mundo padeceu nesta caça, mas no fundo se esqueceu da garça. Tal ave, de complô com a cegonha, os filhotes lhe entregou por um pedaço de pamonha (que vergonha).
Agora, na hora da aurora, a fauna chora porque a lei vigora: 
“Os que amamos, sem demora vão embora!”
Voa, voa cegonha boa... distante, num rasante sobre a lagoa. Voa pro mundo real, banal, desigual e canibal, onde os gatinhos serão só gatinhos e o conto surreal terá seu tão esperado ponto final.

Matheus Fonseca Pinheiro

quinta-feira, 21 de julho de 2011

NÓStaugicamente


Eu sei que aquele dia você também me viu, e tenho certeza que desviou o olhar de mim para que o seu namorado novo não percebesse a intensidade em que seus olhos, marejados de saudade, me fitavam, incessantemente. Não adianta negar que seu coração foi a mil quando, depois de tantos anos, você enxergou alí, que eu continuo o mesmo adolescente inconsequente e idiota pelo qual você se apaixonou. Foi difícil pra mim também, não ter ido ao teu encontro pelo menos pra dizer “oi”, e tocar nos teus cabelos pra saber se a textura deles continua inconfundível.
Mas eu entendo... tinha de ser assim, né?! … é o tal do destino.
Acho que o problema da gente, foi que tudo acabou rápido, sem muitas explicações e sem mágoas pra ninguém (principalmente); terminamos sem sentir ódio um do outro, e isso não é bom para o fim de um relacionamento. Semana passada quando você me viu, e eu também te ví, renasceram em nossas mentes todas as mais lindas recordações de um tempo onde tudo girava mais devagar, e éramos livres. Hoje, sem rancor nem cicatrizes, só nos lembramos do quanto era bom o nosso romancezinho, e cogitamos a hipótese, remota, de que poderia ter sido melhor ainda.
A saudade vai ficar... ah, vai. Ela sempre fica.
“Mas para nós, ficará como souvenir de um conto mal acabado, escrito com giz.
Ou como uma história sem aquela frasezinha para acabar... final feliz.”

Matheus Fonseca Pinheiro

terça-feira, 12 de julho de 2011

Sonhos, Planos e Promessas


Não me fale de amor, pelo menos enquanto o vento não seca as minhas lágrimas.
Não me conte a sua dor, pelo menos enquanto as minhas feridas ainda estiverem abertas.
Não tenha medo do terror, já que não estarei segurando a sua mão quando a luz apagar.
Não tente se recompor, pois o seu coração sem mim não pode pulsar.
Mantenha firme a dureza das suas palavras.
Não volte a repeti-las, eu já não posso suportar.
O vazio que atravessa o meu peito, não sei se pode ser preenchido,
mas seus atos, mentiras e omissões, podem sim, fazer sentido.
Seu olhar oblíquo e seu sorriso indiferente pegaram de surpresa meu coração inocente.
Cabelo preto. Olhos pintados. Encantadoramente e de repente, apaixonaram os meus, apenas arregalados.
Eu poderia dizer que vou seguir, mas não posso.
Apagar todos os seus vestígios de mim não é tarefa fácil, agora que já não sei diferenciar o que é meu de fato, e o que se tornou meu por meio de vias estritamente vulneráveis.
Seus segredos são meus.
Meus anseios são seus.
E, definitivamente, eu me rendo, mais uma vez, ao sabor do seu pecado.

Matheus Fonseca Pinheiro