sábado, 25 de agosto de 2012

Uma pinga serve !



A casa caiu, o povo não viu
A gente descente e valente sumiu
Feliz mesmo, só Jordão
Ainda vive, às custas da omissão

A arquibancada vibra, se anime!
O medo e o crime jogam no mesmo time
É gol da corrupção, a capitã
Belíssimo passe da ignorância, cristã

Cidade é escura, poluída e impura
Campo é exploração infantil, dor, clausura
Politicagem barata, promessa mentirosa
Na TV, nas ruas, na poesia e na prosa

Triste fim, caminhamos a pé
Sem liberdade e comida, mas com fé
Eu quero educação! Tá em greve!
Então desce uma pinga que serve

Matheus Fonseca Pinheiro

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Crime Pós-feito !



Foi como num sonho. O primeiro relâmpago me revelava o seu corpo inteiro à mostra, debaixo do tom de meia luz esfumaçado que o quarto oferecia, contribuindo, assim, para a intensificação de sua inegável sensualidade, que exalava a flor da pele. Os olhos eram tímidos e a boca sorria apenas pela metade – o equilíbrio perfeito entre o envergonhado e o sedutor. Sua epiderme parecia mármore de tão clara, tão lisa, tão brilhante e delicada; tinha gosto de excentricidade e emanava o perfume dos Deuses.

Ela se entregava como se fosse a última vez; e eu a conduzira como se fosse a primeira. A chuva fazia barulho no telhado e junto com o "Battle Studies" do John Mayer completava a trilha sonora dos nossos embaraços. O rádio, as cortinas, mas, sobretudo os lençóis eram testemunhas vivas dos nossos carinhos e dos seus gemidos; não fazíamos questão de conter nenhum impulso, tudo acontecia naturalmente e nada era reprimido. Nascemos um pro outro e até ali eu ainda não tinha descoberto isso.

Após longas horas de total entrega, prazer e delírios, a noite se aquietou. Vidros embaçados e corpos suados foram as únicas provas remanescentes de um crime perfeito - mas crimes perfeitos não deixam provas, não é? - Ela descansava a cabeça no meu peito, exausta; eu ainda estava em êxtase e apenas afagava os seus cabelos. Talvez a maior prova do crime ainda estivesse por vir, a consciência pós-ato. Nada negaria a perfeição daquela noite e nenhum Nietziano ousaria dizer que não era amor, o que acontecia entre aquelas paredes. Entretanto, segundo o poeta, não existem dois amores. A existência de um, anula o outro - e é justo que seja assim.

Pois cabe, então, à sua consciência agora, escolher entre a aventura e o comodismo, entre o destino e a convenção, entre o meu coração apaixonado e o de quem ela dizia amar até ontem. “As princesas geralmente são prometidas a um belo cavalheiro, com finos trajes, luvas brancas e alto conceito social, só que, quase sempre, do lado de fora do castelo existe um cara que não tem cavalo, nem roupas de seda, mas tem muito mais a oferecer.”

Matheus Fonseca Pinheiro