...dedicado à "Paulista"
Eu deveria ter ouvido a minha mãe, quando ela disse
que ‘amor de praia não sobe serra’. Paixão de carnaval não preenche coração -
isso é Capitolina. Ao som de axé, em Ouro Preto, você foi só mais um garoto
bonito que eu beijei, mas hoje, para o bem ou para o mal, a história é completamente diferente ...
Eu não poderia imaginar naquela noite, que estaria
de quatro por você alguns meses depois - acredite, se eu soubesse, não teria te
dado a mínima condição. Mas rolou um lance, um clima, cê sabe, e eu deixei pra
ver no que ia dar. Tempos depois, cá estamos nós, de volta ao Rio de Janeiro,
com algumas pendências e discrepâncias que nos fazem extremamente diferentes,
mas, por outro lado, com corpos e olhares tão sincronizados que mesmo agindo,
às vezes, dessa sua maneira idiota, eu não consigo te mandar embora.
Coerência não é o seu forte, né?! Já percebi. Você
diz que é pra a gente dar tempo ao tempo, que não quer se prender, e o legal
mesmo é curtir o momento, mas reclama se eu pilho de ir pra Choppada com os
amigos da faculdade. Não foi você mesmo, quem deixou subentendido que ninguém é
dono de ninguém? De coração, eu não espero que você seja o Don Juan, e banque
sempre ‘o último romântico’, mas exijo o mínimo de bom senso na hora de pôr as
cartas na mesa. Comigo tem que ser jogo limpo.
Se é só da minha bunda que você gosta, tudo bem,
‘eu posso aceitar isso e o meu coração continua aberto’, como diria aquele
seriado do SBT, mas não vêm na segunda feira, com aquele blábláblá de ciuminho,
dizendo que eu passei o fim de semana inteiro pulando de bar em bar sem te
responder no Watzap, porque, mêu, na boa, não vai colar. Tá na hora de seguir a
cartilha que reza.
Você deixou escapar esses dias que, não sabe se o
nosso lance vai ter futuro, porque não me vê sendo a mulher da sua vida. Eu,
particularmente, tento viver sem me prender à esses tipos de pensamentos
ortodoxos, mas se você realmente decidir ir embora, eu não tenho o direito de
te amarrar. Claro que vai doer bastante quando eu lembrar de tudo, porque nas
tardes que gente rola no quarto a sós, por debaixo dos lençóis, o universo para.
Seu cheiro, seu jeito de pegar atrás do meu cabelo, meio forte, carinhoso, me
olhando nos olhos, meche comigo de uma maneira mágica. Eu tô mesmo fissurada
nessa sua ginga carioca, cheia de “Bixcoitos” e “DCÉ’s”.
Se preferir ficar, a casa é sua. Vai ter tudo o que
quiser de mim, e você sabe bem que eu não me entrego pela metade. Agora se, de
fato, resolver encerrar as coisas por aqui, e levar embora sua escova de dente,
tá tudo certo, pô: Vida que segue. Já derramei algumas lágrimas meio
involuntárias ontem, pensando nisso, mas esses sentimentalismos baratos não
levam ninguém a porra nenhuma. Eu sou meio orgulhosa, meio turrona, saca?
(Geminianas). Mas daqui a um tempo, a gente se vê de novo, numa boa. Porque no
nosso caso, meu bem, o que vale é a, tão famosa, quarta lei de Newton: Tudo o
que vai, volta.
Matheus Fonseca Pinheiro