quarta-feira, 20 de junho de 2012

Dois era par!



As coisas se alternam permanentemente, e no entrelaço destas linhas tão frágeis, o improvável se faz tangível, mas a cor dos olhos pode não ser o cheiro da flor. Assim como a lua não cria seu próprio reflexo, e apesar da água não correr para cima a agitação das moléculas é quase o bastante para interferir quimicamente na física que há entre nós, ou fisicamente na química dos nossos desenganos.

As passarelas são feitas para nos levar de um lado ao outro sem risco. Mas basta que uma folha seca entre na trajetória do caos para que a ordem se estabeleça apenas parcialmente. Eu não me distingo entre essas duas dimensões. O máximo que posso fazer é inquietar, de forma que estando inerte, não interfira no fluxo natural das coisas.

Mas e se os seguimentos de reta não forem paralelos, e se cruzarem antes do infinito? Seria aí o ápice da felicidade ou o fundo do poço da intolerância? São muitas as especulações e poucas as convicções. Entre as nossas perspectivas para uma estável relação de par existem muitas análises mal terminadas e nenhuma síntese fatídica. E dessa maneira, sendo tudo tão instável, eu me desapego e reconheço o fracasso.

Do arrependimento, apesar disso, não levo nem um punhado. O caminho só é feito quando se caminha. Se, por um lado, houve equívoco na estrada escolhida, por outro, houve certeza na linda escolha de se caminhar. Os pássaros vão cumprir sempre o seu papel de cantar, os sapos vão repetir sempre seu costume de pular, e o amor vai ter, por fim, sempre seu destino imutável de acabar. E enquanto houverem palavras, eu vou escrever pra te lembrar: “Capitolina, Dois era par”.

Matheus Fonseca Pinheiro

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