Eu quero que os raios
de sol perfurem a minha pele como a lança afiada de um pescador experiente, que
transpassa a presa sem atuação da inércia. Quero ter os olhos e o coração
voltados ao céu, silenciosos e atentos, fixos e incansáveis. Quero que a fé me
alimente de sabedoria e de luz pra guiar o meu caminho que cada vez parece mais
escuro. Quero a vida sem julgamentos. Quero ser respeitado. Ninguém sabe o que
me passa entre o peito e as costas. Ninguém sabe o que me passa por dentro.
Ninguém sabe.
Fazem alguns anos que
eu caminho pela mesma estrada, dura, fria, longa e as vezes, agonizante. A cada parada pra beber água reflito e aprendo
alguma coisa sobre as pessoas. Aprendi que o amor quando é grande, se
compartilha; que um momento de felicidade instantânea deve ser louvado cada
segundo; que os caminhos cruzados pelo destino são inevitáveis; e que o valor
da verdadeira amizade é muito maior do que qualquer coisa no planeta.
Eventualmente eu olho
meus pés (com bolhas, cortados da poeira da estrada) e as minhas pernas
doloridas, exaustas de tantos quilômetros ladeira acima, e embora cansado da
caminhada, me sinto orgulhoso pelo quanto já aprendi em cada passo que dei.
Então, não aceito críticas baratas, não engulo julgamentos estúpidos. Cada ferida
que eu carrego, no pé ou peito tem uma história de muita reflexão e
aprendizado! Cada fisgada que eu sinto nas pernas ou no coração vem acompanhada
de muita experiência e maturidade, e eu não admito que seja desmerecida por
quem não me conhece por dentro.
Ontem, sentei um pouco
na beira da estrada pra descansar e pensei sobre alguns conceitos importantes
pra mim. Nessa análise, aprendi que dentro da amizade não existe espaço para avaliações
gerais nem qualificações. Amizade é uma coisa que se leva de dentro pra fora, e
se considerações estritamente sociais interferem na relação, pode esquecer. Além
disso, aprendi algo que mexeu muito comigo. Marx tinha razão: ‘a religião é o
ópio do povo’. Basta ser religioso pra
começar a julgar quem e o quê está certo ou errado. Alguns cristãos são craques
na arte da sentença, devem ter aprendido com Herodes porque Jesus nunca julgou
(e o Papa Francisco também não).
Por tudo isso é que eu prefiro ajudar aos
pobres do que dar o dízimo. Prefiro fazer minhas celebrações internas diariamente
do que ir bater ponto na missa só aos domingos. Prefiro levar Deus por dentro
do que a bíblia na mão. Eu prefiro confessar meus pecados a Deus todos os dias
do que conversar 5 palavras com o padre 1 hora antes da comunhão. Prefiro ser alguém espiritualizado do que
simplesmente dizer que sou cristão. Porque os cristãos sempre julgam, mas quem
realmente conhece a face de Deus, não!
Matheus Fonseca Pinheiro
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