Ela espera a ligação, mas nem sinal dele. Talvez esteja em
reunião, talvez esteja dirigindo. Esquecido, nunca. Ela nem cogitava essa
hipótese. Sua última cliente tinha acabado de sair e ela, se quisesse, poderia
até ir pra casa. Mas não era isso que a moça queria. No fundo ela esperava a
sobremesa do jantar de ontem. Como alguém que ainda não disse tudo o que tem a
dizer. Como um tenor que ainda não proferiu as últimas notas da ópera.
Ela até tentava disfarçar a ansiedade, mas seu pezinho
inquieto denunciava-a claramente. E
enquanto mexia na bolsa procurando alguma coisa que nunca iria encontrar, o
telefone toca - É ele . Marca num restaurante em botafogo dali a meia hora...
Ela, então, caminha
em direção ao estacionamento pensando no que deve dizer e como deve agir, para
não parecer demasiadamente superficial ou intensa demais para a situação.
Retoca a maquiagem no espelho do carro e passa as mãos pelo cabelo, para dar volume. Segue em direção à Zona Sul. O engarrafamento já era de se esperar. Ela põe
o disco novo da Colbie Caillat pra tocar e vai tentando disfarçar o nervosismo
ao longo do caminho. Seu inglês sempre impecável, mas sua afinação vocal era um
tanto discutível.
Enfim, 47 minutos depois, a advogada mais sexy do Rio de
Janeiro entrava no melhor restaurante de Botafogo. Lá da porta ela o fitou:
Terno cinza chumbo, gravata italiana. Ele sorriu e levantou-se, cortejando-a
como um perfeito cavalheiro; ela respondia atenta aos sorrisos e aos
cumprimentos com uma sutileza invejável.
O encontro e o jantar estavam apenas começando... e o fim
dessa história, também.
Matheus Fonseca Pinheiro
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