Não, você não me conhece, sou abertura de sentidos, vir-a-ser contínuo. Não há motivos para surpresas, não estou completo, feito, obra prima realizada, escultura. Sou construção, gerúndio, obra inacabada, demolição.
Não me pode enquadrar, rotular, encaixar nessa ou naquela gaveta, nesse ou naquele arquivo de guardados com etiquetas. Não é desobediência, não é rebeldia, mal criação é resignificância, reinvenção, particularidades.
Não é escolha também, que fique claro, é assim, assim mesmo, idiossincrasia. Coube a mim ser eu, cumpro a sina, singularidade. Perdôo-me de tempos em tempos, culpo-me em proporção igual, retrocedo, desinvenção, repetição.
Não sou metamorfose ambulante, repito-me, exaustivamente, repito-me e mora, também aí, a diferença o desigual, inequação, adequação. Não sou objeto passível de análise, tampouco sujeito a mercê da síntese, sou abertura de sentidos.
Existir precede, antecede, cede, cedo. e cedo se aprende a ceder, e cedo se aprende a aceitar, cabisbaixar, submissão, o mito, platão. Âncoras de nós mesmos, aceitamos fixar-se nesse de nós que não nos expressa, não nos mostra, impotência.
Espaço infinito de possibilidades esse naco entre meu peito e costas. Parcela finita de carne e osso ilimitada pelas múltiplas percepções de mundo, visualizações, elucubrações. Sonhar como meta, atividade fim, recomeço constante, continuado.
Não sou constante, não sou variável. Não espere, por isso, mudanças contínuas. Não espere, por isso, estagnação. Não espere, exaspere, por que sucumbir ao outro expectante se tanto de você ainda está por vir?
Vitor Quintan
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