Sentados naquele saguão
imenso, esperando seu embarque, lembrávamos de tudo o que nos
conduziu até alí, e as lágrimas rapidamente voltavam a embaçar
nossa vista.
Cada vez que eu pensava
na hipótese real de nunca mais voltar a te ver, minha mente se
inclinava ao suicídio, e cada segundo que eu te imaginava longe dos
meus braços, me encorajava para um homicídio (mas isso não seria um
drama, e sim uma tragédia. Todavia, de qualquer modo, o final seria trágico).
Às vezes, seus olhos fixavam os meus tão
profundamente que até pareciam estar lendo meus pensamentos (mas
isso nem era tão difícil assim).
A cada chamada de vôo meu coração
congelava porque seu calor ficava mais distante de mim. Eu tinha
muita coisa pra dizer mas me faltava ar, e ainda que eu tivesse ar
não saberia por onde começar; e ainda que soubesse já não daria
mais tempo, faltavam dois minutos.
Em poucos segundos eu pensei em
tanta coisa, que me pareceu não ter pensado em nada.
Eu não sabia
explicar porque, mas só queria te abraçar... talvez na esperança
de que tudo aquilo fosse um pesadelo e com meu abraço forte você
acordaria, mas já era tarde demais, chegara a hora tão esperada e
desesperada, e agora sim começaria o pesadelo de verdade. Eu fiquei
atônito, e ela como quem se conformara com o destino, segurou meu
rosto entre suas mãos frias, e disse com doçura, a frase que selou a cicatriz no meu coração:
“Nosso amor está morrendo, para que
nós tenhamos vida” .
Ela não olhou pra
trás, e até hoje eu também nunca mais olhei.
Matheus Fonseca Pinheiro
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