Minha mãe diz que a
vida é composta por fases. Se for assim, eu estou numa das piores
que já passei.
Todas as pessoas
próximas de mim tem, pelo menos, um motivo para festejar com glória
e veracidade. Eu não tenho nenhum. Alguns amigos compraram carros,
outros foram promovidos; três amigas viajaram para o exterior e
outras entraram para a faculdade dos sonhos, enquanto eu, apenas
agradeço pelos dias sempre iguais e pelo dom da vida que o senhor me
concedeu.
Mas essa minha rotina
morta não tem relação com acomodação. Tempos atrás, eu buscava
todos os dias, bem cedo, algo que pudesse me desafogar do tédio e me
tirar da zona de conforto, para, então, me levar ao ponto mais alto
do apogeu. Contudo, quando eu pisei firme no chão e achei que estava
bem, o teto caiu sobre a minha cabeça, de modo a me deixar
inconsciente por alguns meses.
Aqui estou eu, cansado
de olhar para as mesmas paredes e de mexer nos mesmos objetos,
refazendo velhos planos e apreciando minhas pernas imóveis.
Da frecha da janela eu
enxergo as luzes do mundo lá fora. Tem som de festa, cheiro de
felicidade, sabor de paixão. Meu quarto tem som de silêncio, cheiro
de mofo e sabor de óbito. Os amigos que tentam me reanimar dizem que
Deus sabe de tudo e que o tempo vai dizer o que ainda não foi
esclarecido. O que eles nunca vão entender é que os nossos relógios
não giram na mesma velocidade. Um minuto de tortura não é igual a
um minuto de alegria, e a minha dor é só minha.
Em suma, parei de botar
a carroça na frente dos bois, e espero pra mim só o que me for
merecido. Não estou desistindo de lutar. Apenas aceito as condições
impostas a mim, e, infelizmente, me submeto às minhas próprias
limitações.
Que venha dos céus a
decisão última, estabelecendo meu tempo. Seja de derrota e morte,
propondo um fim; Ou de remanejamento, abrindo caminhos para um novo
começo e recuperando o tempo em que a clausura me fez agonizar.
Matheus Fonseca Pinheiro
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