quinta-feira, 30 de junho de 2011

Admirador Secreto


Juro que se ela tirasse a roupa naquela hora, eu a pediria em casamento... Mas ela prefiriu ser mais sutil e me propôs um brinde: Um brinde à nossa fiel e duradoura AMIZADE.
' Comentários à parte, eu só não entendi por que, em plena sala de estar do seu apartamento, (estando nós dois sozinhos) ela pôs pra tocar “Remember” do Richie Kotzen apenas para brindar à nossa amizade fraternal e eterna? Não sei quanto a você, mas eu não acho que seja o clima e o lugar apropriado para celebrar afeições amigáveis (Qualquer cara se apaixonaria), a menos que o tal amigo seja gay. Como não é o caso, continuarei meu relato frustrado: '
Era um vinho italiano da safra de oitenta e quatro, se não me falha a memória. Ela estava deslumbrante num vestido branco estampado, e eu desajeitado como sempre, no meu antigo suéter cinza. Ela sorria, me contando as novidades e eu me encantava, perdidamente, pela cor dos seus olhos. Não me lembro de algum dia ela ter dado esperança às minhas fantasias eróticas, mas ainda assim eu fantasiava (e como fantasiava). Foram duas horas e trinta e sete minutos de uma conversa própria de dois grandes amigos: Trabalho, viagens, cinema e recordações antigas. Após quatro ou cinco taças de vinho, nos despedimos calorosamente, e eu fui embora meio confuso, meio atordoado, mas completamente decidido em revelar para ela, algum dia, minha verdadeira identidade: admirador secreto da melhor amiga.

Matheus Fonseca Pinheiro

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