
Nessas noites escuras, de quartas feiras vazias depois das onze,
eu sempre deitava pra procurar o sono e pedia a Deus um amor. Soa brega, né, meio
romantizado e idiota; quase vergonhoso de admitir, mas é verdade. Eu pedia a Deus um amor.
Sempre fui meio carente de carinho, e acho que por isso
tenho muitos amigos. Cada um pra seu momento, cada grupo pra alguma situação ou
lugar específico, cada opinião pro seu devido contexto. Tudo pra não ser
sozinho; filho único que sou. Mas no fundo, eu acho que é no instante que a
gente põe a cabeça no travesseiro que a vida é de fato real. Longe do facebook,
do whatsapp, das festas da faculdade e do bar. Quando você põe o celular pra carregar,
desliga do computador e deita na cama, é só você consigo mesmo. Aí é que
o que realmente importa na vida vêm dominar sua cabeça.
Eu pedia um amor, porque o único sentimento que vale a pena,
na minha opinião hollywoodiana, é o amor. Pode ser amor por aquilo que se faz,
ou pelo que se estuda, ou até pelo que se sonha alcançar um dia. Mas um amor
desses que te faz carinho pra dormir, ou que deixa cheirinho no seu travesseiro
e esquenta as noites de inverno são quase o único propósito da vida. Era esse amor que eu pedia. O amor
personificado em alguém, que preencha todos os vazios que você tinha antes de
conhecê-lo. Já pensou viver sem nunca ter tido essa sensação? Deus me livre. O
amor é quase tudo... é felicidade. Talvez eu seja meio cético com isso, mas
discutir felicidade com quem nunca se apaixonou eu acho quase tão insano quanto
pedir conselhos de casamento a um padre que cumpre seu voto celibatário.
"Tudo o que há na vida é amor, o resto é silêncio".
Eu adoro essa frase. Não sei se ela é completamente verdadeira, mas eu
escreveria "tudo o que realmente vale a pena na vida é o amor, o resto é a
busca por ele". Pense por um momento em ocasiões do seu dia a dia ou da
sua trajetória de vida onde você estava muito feliz. Certamente isso está
relacionado ao amor, seja por alguém, por alguma coisa ou por sei lá o quê que
você ame. Mas era amor.
Amor é daquelas coisas que não se explica, mas que todo
mundo entende. Que quando é, a gente tem certeza de que é. Tipo quando o
sorriso fica maior que o rosto; o coração acelera involuntariamente; a
ansiedade toma conta do sistema nervoso; o cérebro trabalha mais rápido criando
cenas, expectativas ou serotonina. O amor é aquilo que gera fascínio,
admiração, encantamento e paixão. O amor tem muitas variações, de ágape à
erótico, há uma infinidade de maneiras dele se manifestar, mas uma espinha
dorsal forte o define simplesmente como amor, e qualquer pessoa que leia ou
escute essa palavra, entende exatamente sobre o que está sendo dito.
Eu não comecei esse texto pra falar de amor. Juro. Queria
falar de quartas ferias solitárias, de introspecção pós redes sociais, etc, papo
chato, mas viemos parar aqui: num texto repetitivo com a palavra amor escrita
mais de 15 vezes, e eu só me dei conta de que falei demais agora, que eu já
deveria estar terminando de escrever. Bom, mas falei quase tudo do que
eu acho que sei a respeito disso. No fundo, saber mesmo eu não sei nada, gosto
mais de sentir. Tudo o que eu aprendi na vida foi sentindo. O que eu não sinto,
de verdade, esqueço logo em seguida. Sentir pra mim é essencial. Talvez seja
meu verbo preferido.
Não, sei lá, acho que amar é meu verbo preferido. Então vou
terminar o texto citando os dois, porque pra mim essas duas palavras definem a
razão pela e para a qual habitamos esse mundo: Sentir Amor!
Matheus Fonseca Pinheiro